A Secretaria Municipal de Saúde de São João del Rei, no Campo das Vertentes (MG), investiga a morte de três crianças, duas de 10 anos e uma de 3, após apresentarem sintomas de amigdalite. Outras quatro estão internadas e sob acompanhamento da vigilância em saúde.
Uma das suspeitas é que as crianças tenham sido infectadas pela bactéria Streptococcus A, principal causadora da amigdalite. Uma moradora relatou à Itatiaia a dificuldade para diagnosticar o filho – ela teve que ir a outra cidade.
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O que é a amigdalite?
A amigdalite é uma doença infecciosa que atinge as amígdalas – dois órgãos que ficam no fundo da garganta e servem como a primeira barreira de defesa do organismo contra micro-organismos que entram no corpo pela boca, segundo o Ministério da Saúde.
Em geral, essa doença é transmitida por gotículas de saliva expelidas ao tossir, espirrar e beijar alguém contaminado. Também pode ser transmitida pelo compartilhamento de objetos pessoais como copos, escovas de dentes e talheres.
Essa doença pode ser causada por vírus (mais frequentes em bebês e crianças abaixo de três anos) ou bactéria (comuns em crianças mais velhas, a partir de três anos, em jovens e adultos), como explica o pediatra e preceptor de Pediatria da Santa Casa BH, Hélio Soares Barroso.
Amigdalite viral
A amigdalite viral – ou seja, causada por vírus – tem sintomas parecidos com o de uma gripe. Entre eles vários são respiratórios, como tosse, dor de garganta, espirro e coriza. Também podem aparecer febre e vômitos, como explica o pediatra Hélio Barroso.
Essa é a amigdalite mais comum e acomete principalmente crianças abaixo de 3 anos de idade.
Amigdalite bacteriana
No caso da amigdalite bacteriana, o especialista diz que a Streptococcus A é a principal causadora da doença. “A principal bactéria é a Streptococcus do grupo A, mas também existem outras bactérias de Streptococcus, do grupo C ou G, que também causam a amigdalite”.
O tipo causado por bactérias é menos comum. “A gente só vai suspeitar da Streptococcus A quando a criança tem mais de três anos de idade e não apresenta sintomas gripais”, relata o pediatra.
Quais são os principais sintomas da amigdalite?
O Ministério da Saúde classifica como os principais sintomas da amigdalite:
- Febre;
- Dor de garganta;
- Falta de apetite;
- Mau hálito;
- Dificuldade para engolir;
- Algumas pessoas podem sentir dor de ouvido;
- Inchaço dos gânglios do pescoço e da mandíbula;
- No caso da amigdalite bacteriana, podem aparecer pontos de pus amarelado nas amídalas e uma camada amarelada na língua.
Febre alta pode indicar quadro grave
Segundo o pediatra da Santa Casa BH, a grande maioria dos casos não são graves e os pacientes costumam evoluir bem. Porém, os pais devem ficar atentos a possíveis complicações. “Qualquer doença pode evoluir para um quadro potencialmente mais grave. A amigdalite bacteriana, por exemplo, pode ter complicações como abcessos (uma coleção de pus na região da amígdala), sinusite bacteriana e febre reumática, que pode afetar o coração”, esclarece.
O Ministério da Saúde orienta que os pais ou responsáveis levem as crianças ao médico em três situações:
- Os sintomas duram mais de 4 dias sem sinal de melhora;
- A criança tem dificuldade para respirar;
- A dor e a dificuldade de engolir impedem a criança de comer ou beber.
Barroso também recomenda que as crianças sejam avaliadas caso a febre alta não passe. “Caso a febre persista por mais de 48 horas, é importante que essa criança seja avaliada, independentemente da faixa etária. Então, se a criança estiver com febre persistente acima de 39°, prostrada e sem conseguir se alimentar ou ingerir líquido, ela pode estar com um quadro mais grave”, alerta.
Tratamento
O Ministério da Saúde informa que, no caso da amigdalite viral, o tratamento é feito com analgésicos e anti-inflamatórios simples.
Já as amigdalites bacterianas devem ser tratadas com antibióticos específicos. Nesses casos, é importante que o medicamento seja usado durante todo o período prescrito pelo médico. A suspensão do tratamento pode provocar complicações graves.
Por que doença é mais comum em crianças?
Apesar de a doença se manifestar em adultos, as crianças são as mais afetadas. O pediatra explica que isso acontece porque o sistema imunológico delas ainda está em formação. “Como os adultos já passaram por essa fase durante a vida pré-escolar e escolar, eles foram apresentados a esses vírus e bactérias. Quando eles têm uma nova exposição, normalmente a resposta do organismo é mais branda e consegue controlar a infecção de forma mais rápida e eficaz”, esclarece.
De acordo com o médico, as crianças costumam sofrer com mais episódios de amigdalite e apresentam mais sintomas do que os adultos. “Nessa faixa etária há uma circulação muito grande dos vírus que causam infecção de garganta. As crianças estão mais expostas porque frequentam ambientes como a escola, compartilham objetos e não têm uma higienização adequada das mãos”, afirma.
São João del Rei está em surto?
Em nota, a Prefeitura Municipal de São João del Rei, por meio da Secretaria Municipal de Saúde e do Setor de Vigilância Epidemiológica, afirmou que ‘o município não está enfrentando um surto‘. O pediatra Hélio Soares Barroso aponta que, até o momento, não há ligações entre os casos diagnosticados na cidade.
“Aparentemente não existe um vínculo epidemiológico entre esses três casos em São João del Rei. De modo que não podemos considerar isso como surto. Também não estamos vivendo um surto em Belo Horizonte”, conclui.
Como prevenir a doença?
O Hospital Israelita Albert Einstein afirma que a melhor prevenção para a amigdalite viral ou bacteriana é cuidar da qualidade de vida – adotar hábitos saudáveis e não deixar cair a resistência do organismo.
Veja as recomendações do Ministério da Saúde para a prevenção das amigdalites viral e bacteriana:
- Lavar as mãos frequentemente;
- Não beijar ninguém nos lábios se estiver com um resfriado ou dor de garganta;
- Consultar o médico se tiver dor de garganta, febre ou glândulas inchadas;
- Procurar ficar longe do cigarro. Fumantes ativos e passivos estão mais propensos a infecções das amígdalas;
- Evitar ambientes com ar-condicionado, que resseca as mucosas e diminui a resistência das amígdalas;
- Em amigdalites de repetição é importante afastar a hipótese de refluxo gastroesofágico.