Morte de Cecília Meireles completa 60 anos, relembre trajetória da escritora e jornalista brasileira

Cecília Benevides de Carvalho Meireles, mais conhecida como Cecília Meireles, foi jornalista, pintora, escritora, cronista e professora. Considerada uma das poetas mais importantes do Brasil, ela publicou mais de 50 obras ao longo de sua carreira, e é considerada a primeira mulher no país a ser amplamente reconhecida no meio literário. A autora foi contemplada com o Prêmio de Poesia Olavo Bilac, o Jabuti e o Prêmio Machado de Assis.

O mês de novembro é marcado pelo nascimento de Cecília e pela morte dela. A poetisa nasceu no dia 7, e completaria completaria 123 anos em 2024. No sábado (9), completam-se 60 anos da morte dela. A artista nasceu e morreu na cidade do Rio de Janeiro, onde vivenciou também a perda da mãe, e de três irmãos mais velhos, em datas próximas. Marcada pela morte desde cedo, Meireles acabou se familiarizando com o tema, que marcaria sua obra para sempre.

Influência de Cecília na educação

Cecília frequentou a Escola Normal e se formou professora em 1917, aos 16 anos. A educação também foi parte muito importante da vida dela: em 1934, sob responsabilidade da autora, nasce a primeira biblioteca infantil do país, no Centro Cultural Infantil do Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. No período em que atuou no Diário de Notícias do Rio de Janeiro, entre 1930 e 1933, a autora escrevia diariamente sobre o tema.

Ela lecionou em Literatura Luso-brasileira e, logo após, Técnica e Crítica Literária na Universidade do Distrito Federal, onde trabalhou até 1938. Também deu aulas de Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

Trajetória literária da autora

O primeiro livro de poemas, “Espectros”, chega em 1919, quando Cecília tinha 18 anos. No início dos anos 1920, publica os livros “Nunca mais… e poema dos poemas” (1923) e “Baladas para El-Rei” (1925). Na mesma época, escreve os poemas do livro “Cânticos”, que só seria publicado em 1981. Em 1938, publica Viagem no Brasil e, um ano depois, em Portugal, quando ganhou o prêmio de poesia Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras (ABL).

A obra de Cecília se enquadra na segunda fase do Modernismo, momento de grande destaque para a poesia brasileira. Poetas como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes também compuseram o movimento. Ao contrário dos modernistas de São Paulo da geração de 22, não há mais uma necessidade de chocar o público e a crítica, mas sim de criar uma obra mais madura, que leve adiante a liberdade de expressão, as questões universais da humanidade e os problemas do mundo capitalista. Há reflexões filosóficas e existenciais e também sobre o próprio processo poético.

Envolta nessa fase da literatura, Cecília se debruça sobre temas profundos como o mar, a morte, liberdade, viagem, tempo, natureza, guerra e o “eu”, trazendo para sua obra uma dimensão existencialista e se consagrando também como pensadora.

Outra obra importante e sempre lembrada é o “Romanceiro da Inconfidência”, em que Cecília reconta a Inconfidência Mineira em forma de poesia.

Poesia infantil

Cecília Meireles inaugurou uma nova fase na literatura infantil brasileira, em 1964, ao lançar uma coletânea de poemas para crianças, chamada de “Ou Isto Ou Aquilo”. A autora se consagrou como rainha dos livros didáticos, e seus poemas ecoaram na voz do Gato Pintado, personagem do programa infantil Castelo Rá-Tim-Bum.

Entre os poemas infantis mais famosos, estão títulos como “A bailarina”, “Leilão de jardim”, “As meninas”, “A chácara do Chico Bolacha”, “Cavalinho branco” e outros. Os versos trazem uma linguagem simplificada, tratando de temas do cotidiano e explorando o jogo de palavras, para desafiar a capacidade dos pequenos e desenvolver a habilidade de fala das crianças.