10 anos sem Chico Anysio: humorista teve música gravada por Alcione e cantou Belchior

Por Raphael Vidigal

Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o popular Chico Anysio, nasceu em Maranguape, no interior do Ceará, e nos deixou há uma década, no dia 23 de março de 2012, aos 80 anos, após lutar contra uma infecção pulmonar decorrente do abuso de cigarros. O homem dos mil rostos, Chico Anysio era a cara do Brasil e criou, ao longo de sua vida como humorista, mais de 200 tipos e personagens inesquecíveis, casos de Alberto Roberto, Azambuja, Coalhada, Haroldo Hétero, Justo Veríssimo, Nazareno, Neyde Taubaté e muitos outros, além da Escolinha do Professor Raimundo, um marco da TV brasileira. Mas ele também se destacou na música, onde teve composições gravadas por Alcione, Elis Regina, Jair Rodrigues, Emílio Santiago, Dolores Duran, Maysa, Dicró, Mussum, etc.

“Não Se Avexe Não” (baião, 1955) – Chico Anysio e Haydée de Paula
Mulher. Mulata. Estudou só até a quinta série. Vinha de origem humilde e nascera no último ano da década de 1920. As probabilidades jogavam contra a menina Adiléia Silva da Rocha, que, antes de morrer, pouco depois da chegada, em 1959, colecionou sucessos e foi boa vendedora de discos durante a vida. Autodidata em cinco idiomas, além de possuir um português perfeito, a garota adotou o nome artístico de Dolores Duran, alcunha cabível à estrela que viria a ser, e registrou músicas em italiano, alemão, espanhol, francês, inglês e esperanto no álbum “Dolores Viaja”. Os primeiros sucessos vieram no bojo de canções caipiras, muitas delas compostas por Chico Anysio, registradas no LP “Esse Norte é Minha Sorte”, como o ótimo baião “Não Se Avexe Não”, de 1955.

“A Fia de Chico Brito” (baião, 1956) – Chico Anysio
Segundo sua mãe lhe contava, Francisco Anísio de Oliveira Paula Filho, ainda longe de assinar Chico Anysio com um Y em lugar do I, nasceu defronte uma mangueira frondosa, que abrigou vários pássaros cantores no dia de sua chegada. Embora tenha também cantado em discos, tanto séria quanto humoristicamente, a ligação com a música vinha de antes. Não só pela voz grave e bem empostada de locutor, ator de rádio e comentarista esportivo, mas, principalmente, através da escrita. No baião de 1956, composto especialmente para o repertório da amiga Dolores Duran, famosa por baladas doloridas de fim de noite, Chico Anysio trouxe a boca do povo para o centro do mundo. Usando as expressões típicas e matreiras do interior onde passara a infância, no Ceará, ele criou o segundo sucesso da carreira da cantora: “A Fia de Chico Brito”, contando a saga da mulher em busca dum casamento perfeito.

“É Mió Te Aquietá” (modinha, 1957) – Chico Anysio e Hianto de Almeida
Ivon Curi descobriu a calvície ainda cedo, na adolescência, mas só a assumiu em sua maturidade. Durante toda a vida ele lançou mão de uma peruca, e nunca apareceu em público despido do artifício. A exceção ficou, justamente, para o último papel que interpretou. Em 1991, foi convidado por Chico Anysio, com quem já havia contracenado em “Chico Anysio Show” (1982), para viver o gaúcho Gaudêncio. Além da careca à mostra, um bigode falso dava ares ainda mais caricaturais para a personagem. Na década de 1950, durante turnê em Portugal, Ivon cantou diversas músicas de Chico Anysio, como “É Mió Te Aquietá”, “Mão na Mão”, e outras peças que se inspiravam na vivência do povo.

“Hino ao Músico” (marcha, 1957) – Chico Anysio, Chocolate e Nanci Wanderley
Devidamente consagrado como um exemplo a ser imitado no campo da arte, Chico Anysio foi único na imitação de políticos salafrários, de candidatos corruptos, de galãs canastrões, e muitos outros tipos. Criou a canção “A Família”, cantada por Jair Rodrigues em festival, cantou músicas de Mário Lago e Bruno Marnet, e foi cantado por Elis Regina, Emilinha Borba, Alcione, Dalva de Oliveira e a amiga Dolores Duran. Não por acaso, compôs com Chocolate e Nanci Wanderley o “Hino ao Músico”, no qual referendava, com a autoridade de que dispunha: “Música é alegria!”. E a marcha foi um grande sucesso em 1957. 

“Prece de Vitalina” (baião, 1959) – Chico Anysio e Dolores Duran
Dolores Duran não foi somente a grande voz da fossa, da dor de cotovelo, do amor como sinônimo de tristeza. Assim como Chico Anysio, ela não se prendeu a um só personagem. Dolores também visitou os territórios da canção estrangeira em espanhol, inglês alemão, italiano e até em esperanto. Dolores Duran, municiada por contribuições de peso do compadre Chico Anysio e de outros amigos, gravou um disco inteiro dedicado aos ritmos do norte brasileiro. Entre estes, coube um espaço bem alugado para uma parceria dos dois no ramo da escrita musical: “Prece de Vitalina”, um baião lançado em 1959, no referido disco, que, com o habitual bom humor, traça os planos da uma moça desenganada com o santo casamenteiro. Depois, foi regravada por Anastácia. 

“Tá Nascendo Fio” (baião, 1959) – Chico Anysio e Haydée de Paula
O mestre do humor, amado condutor da Escolinha do Professor Raimundo, orgulhava-se de ter espalhado filhos no gênero, na vida e também utilizava deste dom para fazer música. Como ele se definia, “advogado dos pobres, reprimidos, maltrapilhos e esculhambados”, onde, em seu programa, “rico só fazia papel de ridículo”, Chico Anysio sempre se importou e manteve acesa a veia da crítica social em seu trabalho. No baião “Tá Nascendo Fio”, lançado em 1959 por Dolores Duran, o comediante limava, junto com Haydée de Paula, as contradições e dificuldades das famílias de baixa renda no Brasil. Onde falta tudo, sobra espaço para cria. E Anastácia também a regravou, no ano de 1965.

“Zefa Cangaceira” (baião, 1959) – Chico Anysio
Chico Anysio participou de inúmeras chanchadas da Atlântida, atuando ou compondo diálogos. Observador atento dos trejeitos, traquejos e causos somente encontráveis na “terra que tem palmeiras onde canta o sabiá, pois as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”, Chico é instrutor do povo na condução do bonde onde este encontra risos, mobílias, ironia para a solidão, o abandono e o descaso. Embora vivesse cercado, o hábil pintor de telas e características abusou sozinho do direito de descrever a trajetória apedrejada da valente “Zefa Cangaceira”, em baião de 1959, lançado por Dolores Duran, no LP “Este Norte é Minha Sorte”. É briga boa para quem entende do riscado!

“Qualquer Madrugada” (bolero, 1960) – Chico Anysio e Hianto de Almeida
A voz caudalosa de Maysa, aqueles “oceanos não pacíficos” em seus olhos. Foram 40 anos de intensidade, navegando por entre notas musicais e doses nunca calculadas de uísque e cigarros. A cantora das fossas homéricas e das dores de amores insuportáveis usou a melancolia para dizer ao mundo que estava viva. Embora tenha tentado o suicídio, a mulher forte de sentimentos frágeis explicava que foi este mundo, e não ela, que caiu. Maysa manteve-se sempre de pé. Enfrentou o marido que não a queria como cantora e a imprensa de boataria que insistia em julgá-la. Permitiu que todo tipo de sentimento a invadisse, e, dentre eles, o que mais a perseguiu foi, justamente, a tristeza. Em 1960, gravou o bolero “Qualquer Madrugada”, de Chico Anysio e Hianto de Almeida. 

“Rancho da Praça XI” (marcha-rancho, 1965) – Chico Anysio e João Roberto Kelly
Dalva de Oliveira, dona da linda voz que conquistava súditos por onde passava, lançou, em 1965, a marcha-rancho eternizada como o grande sucesso do Carnaval daquele ano, conhecido como o do IV centenário do Rio de Janeiro. Uma dupla de hilários caricaturistas do povo foi a responsável pela composição do feito. Guardavam diferenças entre si: um, era cria do berço da cidade; o outro, retirante nordestino vindo de longe, muito longe, mas para ficar, e arrancar risos com várias caras. No entanto, uma semelhança os aproximava e diluía as distâncias geográficas e de formação: o riso, o humor, a maneira de olhar a vida. Com apenas estes ingredientes, João Roberto Kelly e Chico Anysio criaram juntos o “Rancho da Praça XI”, bonita homenagem a um dos templos de festa e alegria do Rio de Janeiro. Um grande arrasa-quarteirão!

“A Família” (canção, 1968) – Chico Anysio e Ary Toledo
A árvore genealógica da música popular brasileira é tão profícua quanto diversa. A imigração italiana dá o tom da divertida e cômica cançoneta interpretada pelo inveterado Ivon Curi, com todos os seus dotes de intérprete. O samba marca presença e pede passagem com a dupla baiana formada por Tom e Dito, que abre alas para a exaltação atípica de Tim Maia e sua família televisiva. Já Jair Rodrigues, lançou, em 1968, “A Família”, uma canção que conversava com as questões sociais da época, de Chico Anysio e Ary Toledo. Ironicamente, os dois consagrados humoristas se reúnem nesta canção séria. 

“De Como Um Garoto Apaixonado Perdoou Por Causa De Um Dos Mandamentos” (sambalanço, 1968) – Chico Anysio, Nonato Buzar e Wilson Simonal
Negro, de bandana na cabeça, com um suingue propositadamente malicioso, um dos grandes fenômenos populares da música brasileira assumiu ares de maestro, a seu modo, ao reger, em 1969, a multidão que compareceu ao Maracanãzinho para vê-lo cantar “Meu Limão, Meu Limoeiro”, um tema folclórico que, na ocasião, acabou devolvido ao povo, que se encarregou de entoar em coro: “Meu limão, meu limoeiro/ Meu pé de jacarandá/ Uma vez, tindô lelê/ Outra vez, tindô lalá”. Diante da força de tal imagem, congelada como numa fotografia, seria difícil acreditar que, em 1971, Wilson Simonal (1938-2000) se tornaria uma memória pálida daquele instante apoteótico, acusado de colaborar com a ditadura militar. Antes, em 1968, ele lançou “De Como Um Garoto Apaixonado Perdoou Por Causa De Um Dos Mandamentos”. 

“Canção de Chorar” (samba-canção, 1969) – Chico Anysio e Nonato Buzar
Cantora que já nasceu bossa nova quando, em 1964 estreou no LP com “Claudete É Dona da Bossa”, Claudette Soares soube assimilar como poucos as inovações da turma de Tito Madi, Dick Farney, Lúcio Alves, Nara Leão, João Gilberto, Tom Jobim e Marcos Valle. Aliás, “Gente”, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, abre o seu LP de estreia. Já em 1969, ela deu voz ao sofrido samba-canção “Canção de Chorar”, de Chico Anysio e Nonato Buzar. A música mereceu uma regravação de Maysa, no mesmo ano, outra musa da dor de cotovelo. Em “Canção de Chorar”, os compositores expressam requinte único. 

“Folia de Reis” (folia de reis, 1973) – Chico Anysio e Arnaud Rodrigues
Tradicionalmente, é no dia 6 de janeiro que se desmontam os principais artigos da decoração natalina, como a árvore e o presépio. A data simboliza o dia em que os Três Reis Magos teriam visitado o menino Cristo e oferecido a ele ouro, incenso e mirra. No Brasil, essas ofertas ganharam os tons de fitas coloridas, tambores e muita musicalidade, e se tornou a Folia de Reis, cantada por vários compositores. Em 1973, Chico Anysio e Arnaud Rodrigues compuseram “Folia de Reis”, que seria regravada com sucesso pelo cantor Sérgio Reis, em 1975. 

“Vô Bate Pá Tu” (MPB, 1974) – Arnaud Rodrigues e Orlandivo
Como pode um rei da arte dramática, baluarte do espetáculo teatral da improvisação e espontaneidade, servir de escada para tanta gente? É que na humildade, palavra de ordem de Chico Anysio, reside o poder da palavra proferida com inteligência e sabedoria. Assim também o mestre aproveitou da fraternidade de Arnaud Rodrigues e Orlandivo, que criaram na medida exata para a sátira idealizada por ele de Caetano Veloso e o grupo Os Novos Baianos. Sucesso de 1974, que se estendeu para os anos seguintes, ‘Vô Bate Pá Tu’, fazia graça com o jeito sugestivo e pouco incisivo dos então destaques da cena musical brasileira. Distintamente, Chico Anysio apartou para si o papel de cantor e contribuinte, com o grupo satírico Baiano e os Novos Caetanos. Hit.

“Galos, Noites e Quintais” (MPB, 1977) – Belchior 
Em uma participação no programa “Sr. Brasil”, apresentado por Rolando Boldrin na TV Cultura, Chico Anysio cantou, emocionado, uma versão para “Galos, Noites e Quintais”, uma das músicas lançadas por Belchior em 1977, e que o próprio já cantara na mesma atração. A identificação de Chico Anysio com a música vinha, entre outros motivos, pelo fato de, assim como Belchior, ele também ser cearense. Além disso, para quem não sabe, o humorista manteve, durante muitos anos, forte ligação com a música brasileira, inclusive como compositor de sucessos como “Rio Antigo”, parceria com Nonato Buzar eternizada na voz de Alcione, e “Não Se Avexe Não”, com Haydée de Paula, lançada por Dolores Duran. “Galos, Noites e Quintais” merece essa deferência.

“Nicanor Belas Artes” (samba, 1979) – Chico Anysio e João Nogueira
João Nogueira (1941-2000) foi o típico sambista carioca ortodoxo e praticamente, como ele deixava claro na letra de “Eu Não Falo Gringo”, parceria com o bamba Nei Lopes, lançada em 1986: “Eu não falo gringo/ Eu só falo brasileiro/ Meu pagode foi criado/ Lá no Rio de Janeiro/ (…) Eu aposto um ‘eu te gosto’/ Contra dez ‘I love you’/ Bem melhor que hot dog/ É rabada com angu”, cantava, renovando o discurso de Noel Rosa (1910-1937) em “Não Tem Tradução”, música de 1933 – que ele também regravaria –, composta com Ismael Silva (1905-1978), quando a culpa então recaía sobre o insurgente cinema falado. Em 1979, ele compôs, com Chico Anysio, “Nicanor Belas Artes”. 

“Rio Antigo” (samba, 1979) – Chico Anysio e Nonato Buzar
Craque dos pés à cabeça, desde as sapatilhas da personagem Haroldo, o heterossexual convertido, até a touca do empertigado ator Antônio Roberto, Chico Anysio sabia como manusear palavras, imagens, lápis e maquiagem. Nostalgia, esperança e reverência uniram-se umas às outras para formar a música “Rio Antigo”, composta no ano de 1979, em parceria com Nonato Buzar, um dos nomes do movimento denominado como “Pilantragem”. A música foi um estouro na voz de Alcione, a sabiá marrom. Séries de lembranças inserem a sensação de bem estar de outrora. Conhecida também pelo prefixo de “Como nos Velhos Tempos”, a canção evoca o momento onde o Rio de Janeiro era uma capital cosmopolita, cheia de esperança e fé na vida. Chico também interpretou a canção com Mussum, num dueto impagável de dois dos mais queridos comediantes do país.  

“De Quem É Essa Morena” (samba, 1980) – Chico Anysio e Benito Di Paula
Em 1975, durante os intervalos de gravação do programa “Brasil Som”, da TV Tupi de São Paulo, Benito Di Paula encontrou Adoniran Barbosa, que lhe deu um papel com um pedaço de letra. Nascia “Não Precisa Muita Coisa”, lançada pelo grupo Os Três Moraes. Com Chico Anysio, ele compôs “De Quem É Essa Morena” e “O Amor É Um Jogo”. Outros parceiros foram igualmente pontuais, como Márcio Brandão. A primeira composição com Chico Anysio é um samba animado, esfuziante, bem ao estilo de Benito Di Paula, lançado pelo cantor em 1980. A canção encontrou Benito já na fase de menor sucesso de sua carreira.

“Safada” (balada, 1996) – Chico Anysio e Wando
Wanderley Alves dos Reis, mais conhecido como Wando, nasceu na cidade de Cajuri, interior de Minas Gerais, no dia 2 de outubro de 1945, e morreu no dia 8 de fevereiro de 2012, aos 66 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Ainda criança, mudou-se para Juiz de Fora, onde se formou em violão erudito. Depois, partiu para Volta Redonda, no Rio de Janeiro, e trabalhou como feirante e caminhoneiro antes de investir na carreira artística. Sua primeira música gravada foi “Catimba Crioulo”, pelos Originais do Samba, em 1972. Mas o maior sucesso de sua carreira certamente é “Fogo e Paixão”, de 1985. A música é tão associada a ele quando a fama de colecionar calcinhas. Em 1996, Wando lançou a balada “Safada”, parceria com Chico Anysio, bem a seu estilo. 

“Cabide de Emprego” (samba, 2002) – Chico Anysio e Dicró
Carlos Roberto de Oliveira, o popular Dicró, nasceu em Mesquita, na região metropolitana do Rio de Janeiro, no dia 14 de fevereiro de 1946, e morreu em Magé, no mesmo Estado, no dia 25 de abril de 2012, aos 66 anos, após sofrer um infarto. Cantor e compositor, conhecido, principalmente, por seus sambas satíricos, ele começou a carreira na escola de samba Beija-Flor. Gravou, em 1977, o primeiro disco, “A Hora e a Vez do Samba”. Ao lado de Moreira da Silva e Bezerra da Silva, lançou o aclamado e bem-humorado trabalho “Os Três Malandros In Concert”. Em 2002, gravou “Cabide de Emprego”, parceria com Chico Anysio, em que, mais uma vez, lançava seu olhar satírico ao Brasil. 

“Como Você” (samba, 2004) – Chico Anysio e Sarah Benchimol
Martinho José Ferreira, o popular Martinho da Vila, ficou assim conhecido porque foi criado em Vila Isabel, bairro do Rio que também abrigou Noel Rosa. Martinho nasceu no dia 12 de fevereiro de 1938, em Duas Barras, município do Rio de Janeiro. Mudou-se para a capital com apenas quatro anos, e logo se enturmou com a galera do samba. Em 1967, se apresentou no Festival da TV Record. Dois anos depois, em 1969, gravou o primeiro disco e logo de cara emplacou um grande sucesso: “O Pequeno Burguês”. Já em 2004, Martinho lançou o samba “Como Você”, a parceria de Chico Anysio e Sarah Benchimol.