As prefeituras das cidades de Minas Gerais gastaram um total de R$ 939.888.035,93 nos últimos cinco anos em shows musicais. Os números constam em um levantamento divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG), que ainda avalia se os executivos municipais praticaram alguma irregularidade na contratação.
Os dados mostram que o gênero sertanejo dominou as apresentações, que vêm em crescente no período. Em 2020 e 2021, anos mais intensos da pandemia da Covid-19, os gastos com shows musicais movimentaram menos recursos. A partir de 2022, no entanto, os gastos dispararam.
Confira:
- 2020 – R$ 14.141.316,30
- 2021 – 6.707.844,44
- 2022 – 185.399.981,67
- 2023 – 306.098.158,93
- 2024 – 427.540.494,59
- Total: R$ 939.888.035,93
Além disso, o painel mostra que a cidade de Itabirito, na região central de Minas, é a que mais gastou com shows no período: mais de R$ 11 milhões. Depois vêm as cidades de Ituiutaba e Barbacena.
Confira o top 10 de cidades:
- Itabirito – R$ 11.332.999,99
- Ituiutaba – R$ 10.831.000,00
- Barbacena – R$ 9.782.500,00
- Nova Lima – R$ 9.716.820,00
- Itabira – R$ 7.576.449,50
- Pirapora – R$ 6.765.096,62
- Extrema – R$ 6.552.562,70
- Buritizeiro – R$ 6.269.000,00
- Itatiaiuçu – R$ 6.221.000,00
- Ouro Preto – R$ 5.798.609,00
Ouça a matéria de Felipe Quintela
De acordo com o diretor de fiscalização integrada e inteligência do TCE-MG, Henrique Quites, eventuais irregularidades estão sendo analisadas pelo Tribunal de Contas. “Em um primeiro momento, estamos exercendo nosso papel de contribuir com a transparência de uma parcela expressiva dos orçamentos públicos que estão sendo destinados a tais finalidades”.
Ele explica que as análises irão gerar um relatório que será encaminhado para a presidência do Tribunal. O painel, segundo Henrique, é importante para garantir a transparência das contratações.
“Você pode observar que é possível que qualquer pessoa verifique que determinada artista foi contratado por um preço por determinada cidade e por outro, em outra cidade. Isso pode ser um indício de irregularidade, mas pode não ser, depende do porte do show, da época do ano, enfim. Mas às vezes a discrepância de preço é muito grande. Então uma questão é a regularidade da contratação”.
Artistas mais contratados
O levantamento do TCE mostra ainda quais foram os artistas que mais foram contratados pelos municípios. O sertanejo lidera com folga a relação de cantores e bandas, figurando em todo o top 10. Confira:
- Eduardo Costa – R$ 19.142.701,00 (65 shows)
- Leonardo – R$ 16.473.947,00 (39 shows)
- Fernando e Sorocaba – R$ 16.034.240,00 (65 shows)
- César Menotti e Fabiano – R$ 15.376.432,00 (63 shows)
- Barões da Pisadinha – R$ 14.622.340,00 (48 shows)
- Gino e Geno – R$ 14.360.950,00 (84 shows)
- Amado Batista – R$ 13.434.900,00 (58 shows)
- Diego e Victor Hugo – R$ 12.609.850,00 (61 shows)
- Clayton e Romário – R$ 11.774.650,00 (67 shows)
- Felipe Araújo – R$ 11.453.412,00 (58 shows)
Henrique Quites explica que outra análise que será feita pelo TCE será na ‘qualidade’ do dinheiro gasto através do cruzamento dos dados de investimentos em shows com outras áreas mais importantes, como saúde e educação e outras variáveis.
“A arrecadação tributária, o porte do município, se o município estava passando por alguma anormalidade na sua administração, por exemplo. São diversas outras análises quanto à qualidade desse gasto público, se ele foi eficiente ou não, se foi proporcional ao que o município arrecada. É esse tipo de análise que está sendo feita agora”.