Para o carnaval de 2019, a escola de samba carioca, Império Serrano resolveu trazer no enredo um clássico da MPB de 1982: “O que É o que É?”, de Gonzaguinha.
Em 2017, Gonzaguinha também foi tema do carnaval da Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, com o enredo “É! O Moleque desceu o São Carlos, pegou um sonho e partiu com a Estácio!”.
Uma das mais tradicionais escolas de samba cariocas, a Império Serrano foi beneficiada pela virada de mesa do desfile do ano passado, quando ficou em último lugar e não foi rebaixada.
Samba-Enredo 2019 – O Que É, O Que É?
G.R.E.S. Império Serrano (RJ)
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita
E a vida
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão
Êh! Ôh!
E a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é? Meu irmão
Há quem fale que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo
Há quem fale que é um divino mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita”
A Império Serrano é uma das mais tradicionais escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro. Dona de 9 títulos do Grupo Especial (1948, 1949, 1950, 1951, 1955, 1956, 1960, 1972, 1982), A Império ocupa, junto com o Salgueiro, a posição de 4ª maior vencedora no rol das campeãs do carnaval do Rio de Janeiro.
Em 2017, o Império Serrano sagrou-se campeã da Série A do carnaval carioca e garantiu seu retorno ao Grupo Especial após oito anos.
Gonzaguinha
Gonzaguinha era filho registrado, do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga, o Gonzagão e de Odaleia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil.
Caracterizado por uma postura de crítica à ditadura, foi visado pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Assim, das 72 canções apresentadas, 54 foram censuradas.
Com o começo da abertura política, na segunda metade da década de 1970, começou a modificar o discurso como “Começaria Tudo Outra Vez”, “Explode Coração”, “Grito de Alerta”, “Lindo Lago do Amor” e “O que É o que É?”, e também temas de reggae, como Nem o Pobre nem o Rei.
Gonzaguinha morreu aos 45 anos, em 29 de abril de 1991, ao regressar de uma apresentação em Pato Branco, no Paraná, vítima de acidente automobilístico em uma rodovia.