Dependência em antidepressivos podem causar piora na saúde, apontam especialistas

A suspensão abrupta do uso de antidepressivos sem recomendação médica é um risco para os pacientes. Psiquiatras ouvidos pela Itatiaia apontam como consequência a piora do quadro depressivo, insônia, irritabilidade, explosões de choro, distúrbios de humor, vertigens, cefaleia, falta de coordenação motora, alterações de sensibilidade da pele e tremores. Mas afinal, antidepressivo causa dependência?

O psiquiatra Pedro Rezende Tanajura, diretor técnico do Instituto Assistencial Espírita André Luiz, em Belo Horizonte, garante que antidepressivo não causa dependência.

“O uso do antidepressivo continuado não traz esses prejuízos, portanto seu uso não pode ser configurado como uma dependência, mas a interrupção abrupta de alguns deles pode causar uma “Síndrome de Retirada”. É similar a uma abstinência por ser aliviada pela retomada do uso correto do medicamento, porém reservamos a palavra “abstinência” para efeitos da suspensão de drogas que não estão prescritas para um tratamento médico”, explicou.

Além de causar tonteira tremores, fadiga, ansiedade, irritabilidade, entre outros sintomas, o psiquiatra alerta: “Além disso, pode provocar recaída no motivo do tratamento e até precipitar um episódio de mania ou hipomania em quem é portador de transtorno bipolar. Mania e hipomania são síndromes parecidas com o “oposto de depressão”, em que a pessoa está com energia em excesso, eufórica ou irritada a maior parte do tempo, com redução da necessidade de sono”, explica o médico, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Perda de suporte

O médico Guilherme Loss destaca que a suspensão de antidepressivos resulta em perda de suporte.
“É como se fosse resultado da perda do suporte, da variação aguda, rápida da concentração de serotonina noradrenalina e outros neurotransmissores no organismo. Mas não é um sinal de que a pessoa tem uma dependência química. Ela só está neuroadaptada a isso”, destacou o médico, que fez uma analogia:

“É como se você tivesse apoiado numa porta e essa porta abrisse. Você cai no chão porque está apoiada nela, não porque você precise dela”, concluiu o médico, que também é formado pela UFMG.