Deputados estaduais de Minas Gerais organizam, para a próxima segunda-feira (19), uma audiência pública a respeito da importância da vacinação de crianças e adolescentes. O debate vai acontecer duas semanas após o governador Romeu Zema (Novo) defender o ingresso de jovens em instituições de ensino mesmo sem a apresentação dos comprovantes de imunização.
A audiência, prevista para acontecer na sede da Assembleia Legislativa, em Belo Horizonte, foi solicitada por parlamentares do bloco de oposição a Zema no Parlamento, formado por representantes de PT, PCdoB, PV, Psol e Rede. Assinam o pedido os deputados petistas Beatriz Cerqueira, Betão, Cristiano Silveira, Doutor Jean Freire, Leleco Pimentel e Ulysses Gomes. Ana Paula Siqueira (Rede), Bella Gonçalves (Psol), Lohanna França e Professor Cleiton — ambos do PV — também subscrevem o documento.
Para o debate, foram convidados nomes como os secretários de Estado Fábio Baccheretti (Saúde) e Igor Alvarenga (Educação). Eles ainda não confirmaram presença. Representantes da seccional mineira Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), da Defensoria Pública estadual e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também foram chamados.
Uma das autoridades em saúde esperadas para o evento é o médico infectologista Unaí Tupinambás. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele compôs o comitê instalado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em 2020 para monitorar o avanço da pandemia de Covid-19.
“Nossa primeira audiência de 2024 será sobre um tema fundamental que é vacinação das crianças e adolescentes. Vacina é vida, vacina salva vidas e não pode, de forma alguma, ter alguém que acha que possa decidir sobre o não direito à vida. Pior ainda é quando o próprio Estado a negligenciar essa proteção”, disse Beatriz Cerqueira, que preside a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia.
As falas de Zema
A polêmica a respeito da vacinação infantil começou no último dia 4, quando Romeu Zema gravou um vídeo a respeito do tema ao lado de dois representantes de Minas no Congresso Nacional: o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos). À ocasião, eles defenderam a matrícula escolar dos jovens independentemente da participação, ou não, nas campanhas de vacinação.
Três dias depois, em entrevista à CNN Brasil, o governador reforçou a posição. Ele disse que a ideia é ensinar temas científicos nas salas de aula como forma de auxiliar os jovens na tomada de decisão sobre se imunizar ou não.
“Toda criança tem direito de frequentar a escola. Isso é inquestionável. A criança, com isso, vai ter uma merenda boa, que retomamos em Minas, boas escolas – e reformamos escolas em Minas. E vai, principalmente, aprender Ciência para que ela tenha condições no futuro, diferentemente do que já aconteceu no passado. Queremos que ela venha a decidir se quer ou não ser vacinada”, afirmou.
Polêmica com ministros
Um dia após reiterar a opinião, Zema viu, de perto, ministros de Estado encamparem discurso na direção oposta. O caso aconteceu durante evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e parte de seus auxiliares no Minascentro, em Belo Horizonte.
“Vacina e água potável são os grandes benefícios para aumentar a expectativa de vida. Diminui a mortalidade infantil. Quem ama, vacina”, falou Nísia Trindade, da Saúde.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), e o ministro da Educação, Camilo Santana (PT-CE), também abordaram o tema.
“Democratizar a ciência é sinônimo de preservar a vida. Isso evita números alarmantes como estes que estamos vivendo aqui em Minas. ‘Bora’, gente, vacinar todo mundo. Vacina salva vidas”, pediu Silveira.