Ao menos dez detentos foram diagnosticados com tuberculose no Presídio de Ubá, na Zona da Mata mineira, e outros sete estão com suspeita da doença. Desde segunda-feira (18), as visitas estão suspensas e a unidade prisional interrompeu o recebimento de novos presos e transferências.
A ação, segundo a Secretaria de Segurança Pública e Justiça (Sejusp), tem o objetivo de evitar a contaminação de ainda mais detentos. Além dos 10 confirmados, que já estão com a doença controlada, outros sete presos aguardam resultados de exames médicos.
Um outro detento chegou a ser internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Ubá, com tuberculose confirmada. Porém, ele teve a prisão convertida em domiciliar por decisão judicial.
De acordo com o Ministério da Saúde, a tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. A doença afeta principalmente o pulmão, mas também pode afetar outros órgãos.
O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde mostra que, em 2023, 80.012 pessoas foram infectadas em todo o país. De acordo com a Secretaria de Saúde do Governo de Minas, o estado registrou 5.241 casos em 2023, e 668 casos, de janeiro a 19 de março deste ano.
Não é raro acontecer surtos de tuberculose nos presídios brasileiros. Em 2022, familiares denunciaram um possível surto da doença na Penitenciária Antônio Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e em 2023, um detento morreu com suspeita de tuberculose em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce (MG).
Mas por que a doença é mais comum entre presos?
O médico infectologista Estevão Urbano explica que as pessoas encarceradas têm mais chance de contrair a doença por ficarem aglomeradas, em espaços muito pequenos, e em condições inadequadas de saúde.
Urbano diz que apenas 5% das pessoas que contraem o vírus acabam desenvolvendo a doença. Aqueles que têm maior predisposição a ter sintomas da tuberculose são os que convive em ambientes muito fechados, pouco ventilados, onde alguém contaminado possa estar inadvertidamente transmitindo – como no caso de presídios.
“Muitos presos acabam pegando o vírus e desenvolvendo a doença também porque carga viral é muito grande. Ou seja, um doente em um ambiente fechado faz com que a transmissão seja de uma quantidade muito grande de bacilos. Então, as pessoas têm maior chance não só de contraírem o vírus, mas de desenvolverem a doença. Em presídios, essas condições são relativamente frequentes”, afirma o especialista.