Nelson Teich pediu demissão do Ministério da Saúde na manhã desta sexta-feira. O secretário executivo, general Eduardo Pazuello, assume interinamente. Teich concederá entrevista às 15h30 desta sexta-feira.
A pressão de Bolsonaro para novo protocolo de uso da cloroquina e a decisão do presidente de estender a lista de serviços essenciais sem consultar o Ministério são panos de fundo do pedido de demissão. Teich completaria um mês no cargo domingo (17).
Teich, que é médico oncologista, participou como consultor da área de saúde da campanha de Bolsonaro e foi indicado ao cargo por associações médicas e pelo secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten. Na ocasião, o Palácio do Planalto procurava um nome para substituir o então ministro Luiz Henrique Mandetta, com quem Bolsonaro também divergia sobre a melhor estratégia no enfrentamento da pandemia.
Cloroquina
A saída se dá após pressão de Bolsonaro para que Teich alterasse protocolos do Ministério da Saúde envolvendo o uso de cloroquina em pacientes da covid-19. Atualmente, a recomendação da pasta é a utilização apenas em casos graves e de internação.
Bolsonaro, porém, tem defendido a prescrição ampla da substância, cuja eficácia contra a doença não tem comprovação científica.
Pela manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro chegou a afirmar que a pasta mudaria ainda hoje o protocolo de uso da cloroquina adotado no sistema de saúde. O chefe do Executivo argumenta que “é direito do paciente” decidir sobre o seu tratamento.
“O protocolo deve ser mudado hoje porque o Conselho Federal de Medicina diz que pode usar desde o começo”, afirmou. “O médico na ponta da linha é escravo do protocolo. Se ele usa algo diferente do que está ali e o paciente tem alguma complicação, ele pode ser processado”, afirmou o presidente.
O Conselho Federal de Medicina publicou nota técnica permitindo a prescrição do medicamento mesmo em casos leves da doença, com as ressalvas dos riscos.
Em mensagem no Twitter na terça-feira, Teich foi cauteloso ao falar sobre a droga. “Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina”, escreveu Teich no Twitter.
As divergências envolvendo o uso da cloroquina também foi um dos motivos que levaram à saída de Mandetta, há um mês.