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Reforma tributária: você sabe quais alimentos podem ficar mais baratos?

Wenderson Araújo Trilux CNA

Você, certamente, já ouviu alguém questionar como pode o Brasil ser uma potência mundial na produção de alimentos e ainda figurar nas estatísticas dos países com maior número de gente que ainda passa fome.

Pois é, a proposta de regulamentação da reforma tributária responde, ao menos em parte, essa pergunta ao propor a isenção de impostos de 20 categorias de alimentos e dar a outras 15, a isenção de 60% no valor dos tributos. Os impostos, acreditam os autores, contribuem muito para a alta dos preços dos alimentos.

O texto, aprovado pela Câmara dos Deputados, seguiu para análise do Senado. Mas, mesmo que seja aceito sem modificações e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o novo modelo tributário só entrará, plenamente, em vigor em 2033.

Como deverá ser o impacto nos preços?

A maior parte dos economistas concorda que é difícil dizer se o impacto no valor final dos alimentos será grande. Isso porque essa precificação não é formada apenas pelos tributos, mas também por custos de produção e pela famosa ‘lei da oferta e da procura’.

Atualmente, produtos naturais (como frutas, carnes e hortaliças) ou de baixo processamento (como queijos, iogurtes e pães) e alguns itens de higiene e limpeza já são isentos dos impostos federais, como o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Já a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é um tributo estadual, e do Imposto Sobre Serviços (ISS), municipal, pode variar de acordo com a localidade.

Segundo as bases da reforma tributária, aprovadas em 2023, PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS serão substituídos por três tributos (IBS, CBS e Imposto Seletivo).

Debate é para definir o que terá alíquota zero

O que os parlamentares discutem agora é quais alimentos vão compor a cesta básica, e terão imposto zero, e quais terão o desconto de 60%. Na proposta aprovada pela Câmara, por exemplo, as carnes vermelhas foram incluídas na cesta.

Veja a lista que consta da proposta aprovada na Câmara:

Terão desconto de 60%, caso o texto seja aprovado no Senado:

Outro ponto que dificulta prever a redução dos preços com a redução dos tributos é que existem impostos que as empresas vão continuar pagando, como o que é cobrado sobre o lucro e o Imposto de Renda.

O professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-SP), Cristiano Correa, explicou ao portal G1 que “para não diminuir suas margens de lucro, as empresas costumam adicionar esses valores no preço final do produto”.

“Não é que vai deixar de existir o imposto, é que simplesmente a gente não vai arrecadar de forma indireta, né? Essa arrecadação vai ser sobre o resultado lá na frente. No caso da cesta básica, a gente não terá sobre consumo, mas terá sobre resultado”, explica o economista.

“Não tem mágica. Se você perde arrecadação por um lado, você precisa compensar essa de outro”, acrescentou. Com isso, na avaliação dele, para fechar a conta, outros itens terão que ser submetidos ao Imposto Seletivo, conhecido como imposto do pecado, que incide sobre a produção, extração, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.

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