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“O racismo é uma tecnologia muito refinada de desumanização”, integrante da OAB JF analisa derrota de Vini Jr. na Bola de Ouro

Reprodução/Redes Sociais

A repercussão do resultado da Bola de Ouro, que premiou o espanhol Rodri ao invés do favorito Vinícius Júnior, trouxe à tona que os critérios utilizados pelos votantes priorizaram comportamentos às conquistas da temporada.

Votantes e jornalistas europeus atribuíram a derrota de Vini Jr. à divisão de votos na competição com Jude Bellingham e Dani Carvajal e por critérios de “fair play” em campo. Foram utilizadas palavras como “provocador” e até mesmo o fato de Rodri ter um diploma foi considerado. As justificativas virão na edição da France Football, organizadora da edição, que será publicada em novembro.

O fato de haver um impasse entre a Uefa e o Real Madrid, que encampou a luta da criação da Superliga, também foi apontado como impacto no resultado. No entanto, os merengues foram eleitos a melhor equipe da temporada e o técnico Carlo Ancelotti foi premiado como melhor treinador. E o melhor jogador da Champions League, que foi decisivo em várias partidas, não foi premiado.

Nas redes sociais, famosos e anônimos interpretam a exclusão como uma represália à postura firme de Vinicius no combate ao racismo, especialmente no futebol espanhol.

O próprio Vini Jr reforçou que vai seguir lutando contra a discriminação, ao publicar publicou no X, antigo Twitter. “Eu farei 10x se for preciso. Eles não estão preparados”.

Reprodução/Redes Sociais

Em entrevista à Itatiaia, o presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB de JF, o advogado Geovane Lopes de Oliveira, destacou que não foi a primeira e não será a última vez. Ele analisou como o viés racial está embutido no julgamento social em vários setores, de um prêmio esportivo ao dia a dia.

“O racismo é uma tecnologia muito refinada de desumanização, de exclusão e de discriminação. Existe um universo de pessoas muito competentes, negras, que não conseguem um contrato, não conseguem uma promoção, não conseguem acesso a bens, direitos e oportunidades que lhe são negados unicamente por conta deste processo de racialização e desumanização que é o racismo”.

Geovane Lopes de Oliveira reiterou que a sociedade precisa é de maior comprometimento de pessoas, instituições e organizações com a luta antirracista. No entanto, ele reconhece que há empecilhos.

“Incomoda porque, de um lado, os privilegiados por estarem em um lugar de não serem pessoas negras não querem enfrentar a sua própria postura racista. Todas as vezes que alguém levanta essa bandeira e aponta, do outro lado todos aqueles que se beneficiam com o racismo vão se incomodar, porque não querem ser tachados como tal e não querem fazer nada para combater. É muito difícil que uma pessoa no lugar de privilégio queira se despir dele em prol da coletividade e daqueles que estão sendo desumanizados”

Ouça a íntegra da participação do advogado, Geovane Lopes de Oliveira, no Itatiaia Entrevista.https://radioitatiaiajf.com.br/wp-content/uploads/2024/06/LEANDRO-VAZ-DE-MELLO.mp3

https://radioitatiaiajf.com.br/wp-content/uploads/2024/11/04.11_Itatiaia-Entrevista-Vini-Jr-Racismo-BRUTO-1.mp3

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