A pneumonia é uma inflamação da parte distal dos brônquios, que nós chamamos de bronquíolos, e em especial dos alvéolos, que é onde existe a troca gasosa que leva oxigênio para o organismo, de acordo com o médico infectologista, Estevão Urbano.
“A gente elimina ali nos alvéolos o CO2 e inala oxigênio. Então, quando esses alvéolos estão inflamados, nós temos a pneumonia. É interessante dizer que se os alvéolos não estão inflamados, só os brônquios, nós temos uma bronquite”, explica o médico.
“Algumas vezes você tem tanto a bronquite quanto a pneumonia, às vezes até uma sinusite junto. Então, começa a inflamação nos seios da face, desce para os brônquios e chega até os alvéolos. Mas para falarmos que é pneumonia, essa inflamação tem que chegar aos alvéolos, e aí pode ser uma pneumonia leve, que pega um pequeno número de alvéolos, até uma pneumonia gravíssima, que pega, eventualmente, uma grande parte de alvéolos em ambos os pulmões”, aponta o doutor.
O infectologista destaca que o aumento de casos de pneumonia nas épocas frias acontece porque as pessoas se aglomeram mais, ficam mais em lugares fechados e os ambientes ficam menos ventilados. Assim, com maior número de partículas, especialmente de vírus, facilita-se a inalação em grande quantidade de vírus ou de bactérias.
Com isso, há aumento das chances de uma pneumonia. Em meses quentes, as pessoas ficam mais ao ar livre, em locais mais ventilados, o que diminui a possibilidade de inalação de uma grande quantidade de vírus ou bactérias.
Causas
As principais causas das infecções pulmonares são os vírus e as bactérias. E, menos frequente, fungos ou protozoários. “Nós estamos entrando agora em um período de inverno que aumenta muito a transmissão e, portanto, aumenta o número de pneumonias virais. Eventualmente, você pode ter uma combinação de vírus e bactérias”, afirma o médico.
“Primeiro entra o vírus, depois, subsequentemente, uma bactéria. A bactéria mais comum é do gênero Streptococcus, principalmente a Streptococcus pneumoniae, que nós chamamos também de pneumococcus. Interessante que, para ambas, tanto a influenza, que é um vírus, quanto para o pneumococcus, que é uma bactéria, existem vacinas. Então, a vacinação é muito importante”, destaca Estevão Urbano.
Sintomas
Os sintomas de pneumonia são sintomas comuns a quaisquer infecção, como febre, fadiga, calafrios, perda de apetite, dores musculares. O infectologista alerta que são sintomas inespecíficos, ou seja, que não são apenas de inflamações do pulmão, como também sintomas relacionados diretamente ao trato respiratório inflamado.
“Então, a pessoa tem tosse, tem produção de secreções, que pode ser mais clara, mais escura, às vezes, mais serosa, ou mais purulenta. Uma secreção mais clara, mais serosa, sugere mais vírus. Uma secreção mais espessa, mais purulenta, mais esverdeada, mais bactéria. Uma secreção mais espessa, mais purulenta, mais esverdeada, mais bactéria”.
“Às vezes, você tem dor torácica. Então, a pessoa, na hora de respirar, sente dor. E quanto maior o número de alvéolos forem pegos, menor a troca e a oxigenação do sangue, a troca gasosa e a oxigenação. Então, a pessoa pode começar, também, a ter falta de ar. Inicialmente, aos esforços e depois, nos casos mais graves, até mesmo de uma forma espontânea, parada, a pessoa pode ter falta de ar”, detalha o médico.
Tratamento
Segundo o infectologista, o tratamento inclui hidratação, antitérmicos, dieta adequada, em caso de dor, remédios e, principalmente, na falta de ar, oxigênio. “Nos quadros de pneumonia viral, se for pneumonia por influenza, existe o tratamento antiviral específico. Para outros vírus, na maioria das vezes, a gente tem que aguardar o próprio organismo combatê-los, não há um tratamento, em geral, efetivo”, afirma.
“No caso de bactérias, entrar com antibióticos, eles são dados conforme a suspeita. Então, se eu tenho uma pneumonia em que suspeito mais de um pneumococo, eu passo um antibiótico específico. Se eu suspeito de outras bactérias, eu posso trocar os antibióticos. Depois, quando eu tenho os resultados das bactérias, eu posso fazer ajustes, mas aí com esses resultados em mãos”, conclui o doutor.
Prevenção
“Do ponto de vista da prevenção, além das vacinas, tanto para a gripe, que pode depois dar pneumonia, quanto a própria vacina antipneumocócica, que combate a bactéria pneumococo, além de manter uma saúde em dia, é preciso evitar locais fechados, aglomerados, mal ventilados”.
“E quando próximo a pessoas com sintomas, o uso da máscara é muito importante, como nós vimos na época da covid. Então, locais abertos, ventilados, eventualmente, o uso de máscaras, além das vacinas, são todas medidas preventivas”, alerta o médico infectologista Estevão Urbano.