Ônibus estão parados em Juiz de Fora novamente

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Trabalhadores do transporte coletivo estão parados nesta terça-feira, 21, em Juiz de Fora, em protesto ao não pagamento do ticket alimentação de forma integral, e a não entrega da cesta básica in natura.

Como a Itatiaia já informou, foi feito um acordo entre trabalhadores e empresas e, devido à pandemia, esses benefícios ficaram suspensos por dois meses e deveriam retornar em julho, com entrega nesta segunda, dia 20.

No entanto, o que o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo de Juiz de Fora (Sinttro-JF) alega é que, o ticket está sendo pago de forma parcelada e as cestas não foram entregues.

Nesta segunda, foi realizada uma audiência entre sindicato e trabalhadores e, segundo o Sindicato, que acompanha as manifestações, o movimento de hoje foi uma iniciativa dos trabalhadores.

O movimento teve início por volta de 6h20 da manhã.

Os ônibus estão parados ao longo da Rio Branco e não há a circulação da frota mínima de 30%.

A paralisação de hoje segue por tempo indeterminado e, a princípio, está condicionada à entrega das cestas, segundo informações repassadas agora a pouco pelo sindicato.

Uma reunião entre trabalhadores e empresários está agendada para a próxima quinta.

Em nota, a Associação Profissional das Empresas de Transporte de Passageiros (Astransp) informou que não acredita que o movimento de hoje seja uma atitude isolada, mas incitada pelo Sindicato.

A entidade classifica o sindicato como inflexível, por não aceitar prorrogar o aditivo mesmo diante da crise financeira ainda gerada pela pandemia.

A Astransp acredita que as medidas tem que ser prorrogadas, assim como tem feito “as autoridades, sérias e comprometidas com a saúde e o social”. Ainda cita, na nota, os benefícios que tem sido prorrogado pelo governo federal, a fim de preservar empregos, sem que a queda do empregador.

Nota da Astransp

Como o movimento de hoje está afetando as demais empresas, a posição da Astransp é que não acredita que esta seja uma atitude isolada, mas incitada pelo Sindicato. Temos declaração, via imprensa, ”Segundo o Sindicato, algumas empresas também estão parcelando o pagamento do tícket, o que configura descumprimento de acordo, já que a previsão em julho é que o depósito seja feito de maneira integral. A categoria espera receber normalmente em julho, mas o que se “ventila” é que o material não pode ser entregue, já que alguns fornecedores alegam que não foi pedido de compra.”

Por isso, a resposta da Astransp é: O sindicato, no início da pandemia , diante da grave crise identificada, aceitou suspender a cesta e parcelar o tícket por 60 dias.

O quadro permanece o mesmo, agravado, mas ele (sindicato) inflexivelmente, sem razoabilidade, não aceita prorrogar o aditivo.
E mais.
Esse quadro de calamidade pública não veio carimbado com data de término e segue se estendendo no tempo.

Obviamente, as medidas tem que ser prorrogadas, como tem feito as autoridades, sérias e comprometidas com o saúde e o social.

Por isto, o governo federal segue prorrogando os benefícios que visam preservar os empregos, sem o que o empregador sucumbe.
Só o sindicato é que acha que as empresas, que estão se endividando e represando passivo, têm que restabelecer o status quo.

Nota SinttroJF

NOTA À POPULAÇÃO DE JUIZ DE FORA

O SinttroJF diante da nota emitida pela Astransp nesta terça-feira(21), vem a público dar o seu posicionamento quanto a paralisação de hoje e os constantes atrasos dos compromissos com os trabalhadores.
1) Sobre a divisão do ticket alimentação, o que foi feito foi o parcelamento de duas vezes em abril no benefício referente a março, como pode ser conferido no acordo assinado no início da pandemia. O SinttroJF intima as empresas a mostrarem onde está assinado o parcelamento do ticket para os demais meses.

2) O SinttroJF tem ciência do momento de crise de saúde e social-econômica pelo que passa o mundo e o país, tanto que foi umas das primeiras categorias a negociar e a fechar um acordo com os patrões por DOIS MESES, dando a sua suada contribuição, como o parcelamento de duas vezes do ticket de março, abrindo mão da cesta básica e do adiantamento salarial.

3) Ao falar que o SinttroJF não está fazendo o seu papel social nesta crise, o Sindicato lembra que quem não o faz são as empresas, que estão constantemente deixando os trabalhadores com os salários, ticket alimentação e verbas trabalhistas atrasadas e assim não honram com os seus compromissos. Estes trabalhadores também precisam levar o alimento para a suas famílias e pagar as suas contas, e mesmo assim, todos estão cumprindo os seus horários, trabalhando todos os dias e se expondo aos riscos de contágio do coronavírus. Onde está o compromisso das empresas e o papel social delas?

4) Pagar os seus funcionários e honrar os seus compromissos são as mínimas coisas que uma empresa tem que fazer pelos seus funcionários e isto não está sendo feito a tempos pelas empresas de ônibus de Juiz de Fora, como reflexo disto, as constantes paralisações, por vezes organizadas dentro da lei pelos Sindicato ou pelos próprios trabalhadores, como hoje.
Como exemplo, nesta última semana já foi ingressada pelo Sindicato uma ação na Justiça do Trabalho cobrando o pagamento do FGTS atrasado desde 2018 pela empresa GIL, o que prova que esta ingerência com os trabalhadores já vem muito antes da pandemia.

5) Vale lembrar que o movimento de hoje surgiu novamente por organização dos próprios trabalhadores que estão sem receber novamente. O SinttroJF tem consciência da lei de greve (aviso à população e autoridades 72 h antes e manutenção de 30% da frota rodando), tanto que na semana passada foi feito todo o procedimento, mas diante deste novo movimento de hoje, também não vai abandonar a categoria, estando neste momento tentando intermediar uma saída para a situação.

6) O SinttroJF cobra uma posição enérgica da Prefeitura de Juiz de Fora, da Câmara de Vereadores, do Ministério Público do Trabalho e da Justiça do Trabalho contra esses desmandos que vêm acontecendo no transporte público do município a alguns meses. O trabalhador está cumprindo o seu papel de trabalhar e não está recebendo os seus direitos. É nítida a irresponsabilidade das empresas com os seus funcionários e com a população de Juiz de Fora.

7) O SinttroJF solicita à população e às autoridades que apoiem a categoria. Pois todos são pais de família e estão trabalhando diariamente se expondo ao vírus e há anos vêm sofrendo com o descaso das empresas que constantemente atrasam salários e benefícios garantidos por lei.

8) Porque as empresas de ônibus querem discutir o aumento das passagens de 2020, mas não querem abrir as negociações salariais?

9) Por fim, o SinttroJF questiona as empresas: Onde está o papel social delas em querer tirar a cesta básica dos trabalhadores, um benefício que existe a décadas e que já vem embutido no valor da passagem, neste momento de crise mundial? Onde está o papel social das empresas que não pagam sequer os salários, ticket alimentação e verbas trabalhistas em dia a seus funcionários?
SinttroJF – 21 de julho de 2020

Foto ilustrativa – arquivo – Marcos Alfredo


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