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Neguinho da Beija-Flor revela em carta aberta o último desfile na Sapucaí

Alex Ferro/Riotur

Neguinho da Beija-Flor, de 75 anos, anunciou nesta quarta-feira (20) em carta aberta que desfilará pela última vez no Sambódromo Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, em 2025.

Endereçada “à minha amada Beja-Flor”, o cantor escreveu: “O desfile de 2025 marcará minha despedida como intérprete de seus hinos na Passarela do Samba.”

“No próximo Carnaval, escreverei, com a comunidade nilopolitana, o ponto final da trajetória cinquentenária, tempo de muita felicidade e alegria”, segue.

“Vamos atravessar a Passarela do Samba pela derradeira vez, eu com a minha voz e o orgulho de sempre, sustentando a força e a magia da nossa comunidade que brilha no altar dos bambas. Será mais um momento de nosso amor eterno”, acrescenta Neguinho.

Na carta, o sambista recordou ainda o início da sua história com a escola de samba, que começou em junho de 1975. “Cheguei jovenzinho para participar da disputa de samba, no inesquecível ‘Sonhar com rei dá leão’. Joãozinho Trinta, também recém-chegado, criará o enredo sobre o jogo do bicho e eu, então Neguinho da Vala, sonhava entrar para a ala de compositores. O saudoso carnavalesco permitiu que eu tentasse – e deu certo. Com o samba composto por mim, fomos campeões”, lembrou.

“Fomos tricampeões duas vezes, levamos o Cristo mendigo coberto pela censura, na imagem mais conhecida do Carnaval. E o mais importante: inserimos a Beija-Flor de Nilópolis na história da maior festa popular do Brasil. Em lugar de protagonista”, destaca.

Neguinho recorda, ainda, que “venceu o câncer” e cantou na avenida ainda em tratamento da doença. “Tenho fé que me curei graças a Deus e ao abençoado remédio do Carnaval. Nunca esquecerei como a comunidade me recebeu, na volta dos ensaios, em nossa quadra sagrada. O aplauso e a montanha de carinho estão para sempre tatuados na memória”.

Ele explica que, por isso e muito mais, não cogitou receber salário da Beija-Flor. “Nunca assinei contrato nem me submeti a qualquer burocracia. Nossa relação é única e dispensa protocolos.”

O sambista destaca também o orgulho que sente em carregar o nome da escola. “Tenho muito orgulho de carregá-la em meu nome oficial, o da carteira de identidade: Luiz Antônio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes.”

“Chegou a minha hora. Em 2025, cantarei a exaltação de meu parceiro Laila – a quem conheci ainda antes do primeiro Carnaval, na lendária roda de samba do Bola Preta – como epílogo dessa odisseia que durou meio século de folia e felicidade. Superou muito meus melhores sonhos. E continuarei lhe amando. Você pode contar comigo por toda a eternidade. Obrigada por tudo, minha escola, minha vida, meu amor. Olha a Beija-Flor aí, gente!”, encerrou.

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