“Se ele sair da fralda ou comer sozinho, vai ser muito”. Foi o que Ariene Pereira Menezes, 36 anos, ouviu quando fechou o diagnóstico do filho Cris, ainda bebê, que hoje tem 13 anos. Mãe de três filhos – Cris, Kiara e Benício – sendo dois autistas e um em fechamento de diagnóstico, a experiência com o primogênito e a evolução de um quadro severo com retardo profundo para um quadro moderado, dá a ela a convicção de que é possível transformar a realidade, mas é preciso lutar.
O início não foi fácil. “Eu ficava na rua procurando pessoas que se parecessem com o meu filho”. A busca denunciava a falta de informação e envolvimento social sobre o tema e esse grande desafio da maternidade atípica a levou a fundar o Grupo de Apoio a Pais e Profissionais de Pessoas com Autismo (GAPPA).
A primeira manifestação começou com 10 famílias, quando Ariene se deparou com a falta de um professor bidocente em sala de aula, que garantisse a inclusão do filho na escola. “Eu fui lá com minha plaquinha: meu filho tem direito a um professor bidocente”. Ciente de todos os obstáculos, o GAPPA trouxe a dimensão de como as famílias podem se ajudar. “Temos três grupos de WhatsApp, mais de mil envolvidos, trocamos experiências e dificuldades do dia a dia, além da promoção de eventos”, afirma.
Com a postura firme de ativista, Ariene nos concedeu entrevista rodeada por carinho, beijos e afeto do filho mais velho. Gestos que, sem palavras, deixa clara a potência transformadora da maternidade. “Não se apeguem a um pedaço de papel, a apenas um diagnóstico. Não desistam dos seus filhos,” finaliza.
Confira a entrevista na íntegra