Washington Olivetto, o publicitário mais premiado da história do Brasil, morreu neste domingo (13) no Rio de Janeiro aos 73 anos de idade.
O corpo do publicitário será cremado em cerimônia restrita a amigos e familiares nesta segunda-feira (14), no crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com o Cerimonial Mandu, responsável pelos serviços funerários, o horário da cerimônia será das 15h às 17h, seguido da cremação.
A morte foi em decorrência de complicações em uma cirurgia de pulmão feita em São Paulo (SP). Ele estava internado há quatro meses em no Rio de Janeiro (RJ), no Hospital Copa Star.
Olivetto venceu, ao longo da carreira, mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes, um dos mais importantes da publicidade. Ele foi o criador das campanhas da Bombril, com o “garoto Bombril”, do “primeiro sutiã” e também do movimento Democracia Corinthiana, quando foi vice-presidente do clube. Nos últimos três anos, passou a escrever uma coluna para o jornal O GLOBO.
Sua última coluna foi publicada no dia 17 de junho deste ano, dias antes de ser hospitalizado em Copacabana, zona Sul do Rio. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos.
Obras primas de Olivetto
Foi do publicitário Washington Olivetto a escolha do ator que se tornaria um dos rostos mais conhecidos da propaganda brasileira: Carlos Moreno. O “Garoto Bombril”, como Moreno ficaria conhecido estampou as campanhas da marca de produtos de limpeza por 35 anos, de 1978 a 2004, retornando em anos seguintes e encerrando a parceria em 2019.
O casamento entre o ator e a marca deu tão certo que garantiu a Moreno um título curioso: o de garoto-propaganda mais longevo do mundo, reconhecido pelo Guinness Book, o livro dos recordes.
Ao longo de uma carreira extensa, Olivetto se consagrou como um dos nomes mais premiados do mercado publicitário brasileiro. No Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade, o mais importante da publicidade global e do qual o Estadão é o representante oficial no Brasil, o publicitário conquistou mais de 50 estatuetas.
O publicitário, inclusive, foi o primeiro brasileiro a ganhar um dos principais prêmios do festival. Em 1969, no ano em que começou sua carreira como publicitário, ele recebeu um leão de bronze por uma ação para a marca Deca.
O primeiro ouro viria cinco anos mais tarde. Em 1974, Olivetto conquistou para o Brasil o primeiro leão de ouro da história do País com a campanha “Homem com mais de 40 anos”.
Muitos anos antes do termo “etarismo” entrar em voga, o publicitário levou à televisão brasileira a campanha que questionava a discriminação contra homens mais velhos em anúncios de trabalho, quando se “limitava” a idade para se candidatar a alguns postos. “Nenhum país pode se dar ao luxo de desperdiçar o potencial dos seus homens mais experientes”, criticava o comercial.
Um marco da publicidade
Ao compilar uma centena de comerciais publicitários mais relevantes da história, em 1999, a escritora norte-americana Bernice Kanner listou dois filmes criados por Olivetto como obras-primas da publicidade.
No primeiro deles, de 1987, o publicitário criou a campanha “meu primeiro sutiã” para a marca de roupa íntima Valisère. O comercial foi estrelado pela atriz Patrícia Luchesi, à época alçada à fama pela repercussão da campanha.
No filme, uma jovem de 12 anos recebia de presente um sutiã da marca, cunhando a mensagem “o primeiro Valisère a gente nunca esquece”.
No mesmo ano, viria o segundo filme listado por Bernice Kanner como um dos mais importantes da história. A agência W/Brasil desenvolveu o comercial Hittler, para o jornal Folha de S.Paulo. A ação ganhou repercussão e garantiu mais um Leão de ouro do Cannes Lions para Olivetto.
Em 2001, Olivetto foi um dos vencedores do Prêmio Clio, com uma campanha publicitária desenvolvida para a revista Época.
Em 2016, o publicitário foi reconhecido pela Lisbon International Advertising Festival com o Prêmio Carreira. No ano anterior, havia sido escolhido como um dos membros do Creative Hall of Fame, da One Club, entre outras honrarias.
Da publicidade à música
Fundador da agência W/Brasil, Washington Olivetto viu o nome de um dos seus negócios ser eternizado na música de Jorge Ben Jor. A canção começou a ser composta durante da festa de fim de ano da agência de Olivetto, que convidou o cantor para se apresentar no evento. Ao cantar para o público presente, Jorge Ben brincava com os convidados dizendo: “Alô, Alô W/Brasil…”
Como lembrou Olivetto em seu podcast, depois do evento, ele e o artista conversaram sobre a situação política do País, e em tom de brincadeira, o publicitário teria dito que se o Brasil fosse um condomínio, Tim Maia seria o síndico. O resto é história.
O publicitário havia criado recentemente seu próprio programa de entrevistas, o podcast WCast, onde recebia autoridades, celebridades, influenciadores e outros nomes do mercado da comunicação nacional, de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Cármen Lúcia, a cantores como Martinho da Vila.
“O W/Cast é o novo projeto que marca a presença de Washington Olivetto no digital e traz o que ele conta como ninguém: histórias”, descreve o portal do empresário.