José Lino Souza Barros, 86 anos, jornalista da Itatiaia e um dos maiores comunicadores do Brasil, faleceu nesta segunda-feira (30) em Belo Horizonte. Mineiro de Patos de Minas, o locutor nasceu em 14 de outubro de 1936.
José Lino iniciou sua carreira na Itatiaia no dia 24 de março de 1957. Uma jornada de quase 66 anos, que se confunde com a própria história da emissora. Ele foi o único apresentador do Rádio Vivo por 45 anos.
Como o próprio nome diz, o Rádio Vivo se tornou referência nacional porque cumpre a proposta de fazer um rádio verdadeiramente vivo, com jornalismo autêntico e ético, ao mesmo tempo que oferece entretenimento e diversão aos ouvintes.
Quem estava acostumado a ouvir a sua voz grave, todas as manhãs, pode nem imaginar, mas é dele a voz da vinheta do assobio “Ita (assobio) tiaia”, marca registrada da Itatiaia.
Coberturas históricas
José Lino foi o primeiro locutor do Brasil e das Américas a falar, via satélite da Europa, para o Continente Americano e a primeira voz de rádio no Mineirão, na inauguração do estádio em 5 de setembro de 1965.
Ele foi responsável por registrar passagens marcantes do futebol, principalmente, na televisão. José Lino tem como momentos inesquecíveis, a narração da conquista do tricampeonato mundial pela Seleção, em 1970, no México, e do título brasileiro de 1971, pelo Atlético, no Maracanã, com a vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo.
Ao longo de 46 anos, comandou, pela Itatiaia, a cobertura anual da Semana Santa, direto do Vaticano.
A veia jornalística tem como exemplo mais forte, a experiência vivida em 4 de fevereiro de 1971, quando um dos pavilhões que eram erguidos na Gameleira desabou, matando 69 pessoas. A tragédia aconteceu na hora do almoço. Aquele que foi de repórter a chefe do Jornalismo na Itatiaia, deu uma lição: não esperou o motorista terminar de almoçar. Pegou ele mesmo a chave da Kombi e foi acompanhado por Pedro Carrapeta para a Gameleira. Pegaram a primeira linha disponível – e naquele tempo as transmissões externas dependiam integralmente do telefone – e fizeram mais do que uma grande cobertura jornalística, mas também um trabalho de prestação de serviço, numa das tragédias mais marcantes na história de Belo Horizonte.
Durante a carreira, José Lino teve passagens pela Rádio Inconfidência, entre 1960 e 1963, e pelas Rádios Globo e Mundial, no Rio de Janeiro, de 1973 ao final 1976, quando voltou à Itatiaia para não sair mais.
A voz da Itatiaia e referência do jornalismo brasileiro
A voz da Itatiaia. Não há definição melhor para José Lino Souza Barros, mineiro de Patos de Minas, de 86 anos e que faleceu nesta segunda-feira (30). Lino construiu seis décadas de história dentro da emissora.
Tinham sido percorridos apenas cinco anos da trajetória da rádio, fundada em 20 de janeiro de 1952, quando ele chegou, em 24 de março de 1957. Com certeza, nem imaginava a parceria que estava sendo iniciada, fruto da sua capacidade de usar sua voz única para repassar ao ouvinte, as simples informações de um plantão esportivo ou a emoção de uma Semana Santa narrada diretamente do Vaticano, o que se transformou numa tradição para os mineiros, com ele fazendo a cobertura por 46 vezes.
E quem se acostumou a ouvi-lo em interpretações memoráveis no ar, nem imagina, mas é dele a voz da vinheta “Ita (assobio) tiaia”, marca registrada da Rádio.
Falando sobre a Itatiaia, isso quando já tinha se consolidado como líder de audiência em Minas Gerais e referência no Brasil, Januário Carneiro revelou parte do segredo do sucesso, lá no início: “Com o perdão da palavra, fizemos o diabo no rádio de Belo Horizonte, e a cidade já não estava admirada, estava assustada.”
E talvez, o maior desses sustos tenha José Lino como o personagem principal. Em 1958, os acrobatas alemães Zugspitz Artisten vieram a Belo Horizonte. O desafio era cruzar de moto, sobre um cabo de aço, edifícios que ficavam no coração da cidade, na Avenida Afonso Pena. Januário teve a ideia de colocar um repórter lá no alto, junto dos acrobatas, e José Lino foi o escolhido num sorteio, onde venceu na moedinha, Waldir Rodrigues, que também queria executar a arriscada pauta. A tarefa foi cumprida, com José Lino, na garupa da moto, lá do alto, ainda abrindo uma faixa onde estava escrito: “Rádio Itatiaia” – isso enquanto Januário narrava a emoção desta aventura inesperada no coração de Belo Horizonte.
No livro “Enciclopédia do Rádio Esportivo Mineiro”, de Nair Prata e Maria Cláudia Santos, as autoras destacam que “o foco das atenções se deslocou dos Zugspitz Artisten, para a cobertura da Rádio Itatiaia e, quem nunca tinha ouvido falar na emissora, procurou saber como sintonizar aquela pequena e ousada estação”.
Outros momentos marcantes, no processo de consolidação da Rádio Itatiaia, tiveram a sua presença. Lino foi o primeiro locutor a falar via satélite da Europa para a América e também, a primeira voz a falar no Mineirão, no dia da inauguração do estádio, em 5 de setembro de 1965.
Grande locutor esportivo, responsável por registrar passagens marcantes do futebol, principalmente na televisão, José Lino tem como momentos inesquecíveis, a narração da conquista do tricampeonato mundial pela Seleção, em 1970, no México, e do título brasileiro de 1971, pelo Atlético, no Maracanã, com a vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo.
A veia jornalística tem como exemplo mais forte, a experiência vivida em 4 de fevereiro de 1971, quando um dos pavilhões que eram erguidos na Gameleira desabou, matando 69 pessoas. A tragédia aconteceu na hora do almoço. Aquele que foi de repórter a chefe do Jornalismo na Itatiaia, deu uma lição: não esperou o motorista terminar de almoçar. Pegou ele mesmo a chave da Kombi e foi acompanhado por Pedro Carrapeta para a Gameleira. Pegaram a primeira linha disponível – e naquele tempo as transmissões externas dependiam integralmente do telefone – e fizeram mais do que uma grande cobertura jornalística, mas também um trabalho de prestação de serviço, numa das tragédias mais marcantes na história de Belo Horizonte.
A capital mineira teve José Lino como vereador por dez anos, o que também é reflexo da sua atuação na Rádio Itatiaia. Ele também recebeu o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte.
Durante a carreira, José Lino teve passagens pela Rádio Inconfidência, entre 1960 e 1963, e pelas Rádios Globo e Mundial, no Rio de Janeiro, de 1973 ao final 1976, quando voltou à Itatiaia para não sair mais.
Neste retorno, teve início o Rádio Vivo, programa onde foi âncora e que está no ar desde 15 de novembro de 1976. Debates com convidados, entrevistas, participação do ouvinte e informação integram a hora e meia comandada por José Lino de segunda a sábado e que tem como slogan, “o programa que respeita a sua inteligência”.
“Nós temos um programa bem-humorado. É sério, sem ser sisudo. Nós gostamos muito de bater no peito e dizer que o programa está sempre amadurecendo sem envelhecer”, resumiu certa vez o próprio José Lino, a atração que comandou.
A trajetória marcante é fruto do talento e da inquietude de José Lino Souza Barros, o homem que carregou a marca de ser a voz da Itatiaia.