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Inteligência artificial: conheça tecnologias que podem mudar o mercado imobiliário

Gerd Altamann/Pixabay

Procurando um imóvel, você informa características como “recebe sol da manhã” e “tem chão de tacos de madeira” e recebe uma lista de imóveis com essas qualidades. Em poucos segundos, uma pesquisa de opções de financiamento imobiliário chega à tela do seu celular, com ajuda do WhatsApp. Da sua casa, você assina um contrato que prevê os próximos passos e vai se “autorrealizando” à medida em que os combinados se desenrolam.

A inteligência artificial generativa, os smart contracts (contratos inteligentes), as buscas semânticas e outras tecnologias estão chegando ao mercado imobiliário. E em breve o Drex, o Real digital desenvolvido pelo Banco Central, vai colocar em fase de testes as transações com imóveis, que têm piloto previsto para 2025.

Itatiaia apresenta, a seguir, algumas dessas inovações e como elas podem impactar a vida de quem procura imóveis no país.

Cartórios

O sistema de cartórios de registro de imóveis no Brasil é baseado em registros públicos e abertos a qualquer pessoa, basta procurar os cartórios e pagar os emolumentos necessários para acessar. Se antes a única forma de ter acesso aos dados era presencialmente, hoje a tecnologia interliga mais de 3 mil cartórios no país via ONR, o Operador Nacional do Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis. No site é possível procurar e emitir certidões eletrônicas, nativas digitais e com ferramenta de validação de autenticidade no próprio ONR.

O site já acelerou diversos processos. “O prazo para emitir uma certidão de inteiro teor, por exemplo, era de 5 dias. Hoje, é de 4 horas. A matrícula de um imóvel, que antes você tinha que ir pessoalmente ao cartório pedir para pesquisar e ter acesso, hoje você consegue ver na hora. Os prazos já caíram muito, na própria lei. Antes, falava-se em 30 dias úteis, agora fala-se em 5 dias úteis”, explica Ana Cristina Maia, presidente do CORI-MG (Colégio Registral Imobiliário) e Diretora de Regularização Fundiária do Registro de Imóveis do Brasil.

Inteligência Artificial e adesão ao Drex estão no radar dos cartórios de registro de imóveis. Ana Cristina explica que o ONR tem um grupo de trabalho dedicado a estudar como será o uso da IA nos cartórios. Uma das possibilidades é na digitalização dos acervos, principalmente os registros antigos, do fim do século XIX, “que muitas vezes são escritos à mão, com letra rebuscada” e que o uso de inteligência artificial pode auxiliar na transcrição.

Outra frente de trabalho é na integração do sistema ao Drex, na qual o ONR se junta ao Banco Central e outras instituições financeiras para discutir como usar os contratos inteligentes e integrar as plataformas de bancos, cartórios e outros atores. A expectativa é que no caso de um financiamento de imóveis, por exemplo, todos os atores ganhem tempo. “Um exemplo hipotético – se falta uma parcela pra eu quitar um imóvel. Se a transação for feita no Drex com um contrato autoexecutável, assim que a quitação for completada o sistema já informa o banco financiador para dar baixa na dívida e o cartório para passar o imóvel pro nome do proprietário”, diz Ana Cristina. Online, com segurança para todas as partes.

Serviços imobiliários

No Brasil demora-se, em média, 16 meses para vender um imóvel, o que é 5 vezes mais tempo do que se gasta nos Estados Unidos. Quem traz esse dado é Luis Bitencourt-Emilio, Diretor de Tecnologia da Loft, empresa que atende o mercado imobiliário brasileiro com o objetivo maior de acelerar processos burocráticos e auxiliar no fechamento de negócios.

O lançamento mais recente da empresa junta dois itens que quase todo brasileiro usa – celular e WhatsApp – para acelerar os orçamentos de financiamentos de imóveis. “É algo que demorava dias, mais de uma semana”, explica Luis, “e que agora em 15 segundos oferecemos uma resposta. Durante a visita do cliente ao imóvel o corretor pode simular o financiamento e simular qual seria a entrada, o valor da primeira parcela e outros dados”.

Por trás desse sistema está a Inteligência Artificial Generativa, como o Gemini, do Google, e o ChatGPT, da Open AI. “Nossa experiência nos últimos anos nos auxilia a encontrar formas de usar novas tecnologias, como a IA Generativa, de forma rápida, eficaz e fácil de ser usada por nosso cliente final e pelas imobiliárias”, explica Bitencourt-Emilio.

A IA também é usada para evitar fraudes – já ajudou a Loft a recuperar mais de meio milhão de reais em fraudes de corretagem – e para escrever anúncios de imóveis. A empresa oferece, também, uma pesquisa semântica. O cliente diz o que deseja – como vista do pôr do sol e chão de mármore – e o sistema faz uma varredura em fotos, textos e vídeos dos imóveis disponíveis pra conjugar essas duas informações. “Tem a preocupação de que a IA vai tirar o trabalho as pessoas”, comenta Luis, que discorda. “A IA vai é dar mais trabalho pra quem tá usando, para quem está alavancando usos criativos dela. Com a IA, a gente empodera o corretor, para que ele tenha o imóvel perfeito pra você com mais rapidez”, explica.

O futuro? “As pessoas vão fechar um financiamento imobiliário sem sair de casa”, acredita Luis. Para ele, com a velocidade da evolução tecnológica, isso vai acontecer bem rápido.

Drex, o Real digital

Se o Pix substituiu transações em dinheiro vivo além de transferências como DOC e TED, o Drex dá um passo à frente. É a moeda brasileira, o Real, em formato digital e, com ele, vários tipos de transações estarão disponíveis, inclusive contratos de financiamento imobiliário.

O Banco Central explica como funcionará o uso do dinheiro digital:

Por exemplo, se você for comprar um carro, pode ficar com receio de pagar e o vendedor não passar a propriedade do veículo. Com o Drex, não importa quem vai fazer o primeiro movimento, pois o contrato só será concluído quando ambos acontecerem. Assim, o dinheiro e a propriedade do carro serão transferidos de forma simultânea. Se uma das partes falhar, o valor pago e o carro voltam para seus respectivos donos.

Banco Central

O piloto, ou seja, os testes de desenvolvimento do Drex, começaram em 2023. Em setembro de 2024 o Banco Central anunciou uma nova fase de testes, que envolvem transações imobiliárias entre outros tipos de produtos. Essa fase deve durar até o primeiro semestre de 2025. Só depois disso novos sistemas devem ser adotados.

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