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Fala de Roberto Jefferson causa revolta em instituições de Juiz de Fora

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Em Juiz de Fora, polêmica envolve o nome do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. Ele participou de uma live realizada pelo vereador Sargento Mello Casal (PTB) no Instagram, com o objetivo de discutir o tratamento precoce para o coronavírus e a politização em torno da doença.

A polêmica ocorre porque, no vídeo, Roberto Jefferson (PTB), defendeu a desobediência civil e a violência contra guardas municipais que atuarem frente às restrições do comércio, impostas pela pandemia de coronavírus.

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Roberto Jefferson

Em um ato emblemático de manifestação pública, nesta segunda, a Guarda Municipal realizou a instrução da chamada pré-turno da porta da Câmara Municipal. Durante o ato, o vereador Sargento Mello Casal, que é policial militar aposentado, bateu boca com os manifestantes criticando o fato de eles utilizarem aparato público para a realização da manifestação.

O ato gerou repercussões de diversos setores.

Instituições como a Câmara Municipal e o Sindicato dos Professores publicaram nota de repúdio pelas falas proferidas pelo presidente nacional do PTB.

O Legislativo afirmou receber, com perplexidade e indignação o “estímulo à cultura do ódio, o fomento a práticas típicas de regimes totalitários e o ataque às instituições locais e ao funcionalismo público”.

Em nota, o vereador Sargento Melo afirmou que não proferiu qualquer palavra que denegrisse a imagem da Guarda Municipal, mas pediu desculpas por não ter feito uma defesa incisiva, ainda durante a live, por ter sido pego de surpresa com as declarações. Afirmou que suas ações, enquanto policial militar e vereador, sempre foram de ordem e respeito às legislações. De outro lado, afirmou que o Estatuto da Guarda Municipal não permite a utilização de fardamento, equipamentos e veículos para quaisquer atos que não o efetivo cumprimento do dever. E, por isso, os fatos serão encaminhados às autoridades competentes.

Segundo o comandante da Guarda Municipal, Leandro Lisboa, a manifestação foi um repúdio à live, na hora da troca de turno, sob a coordenação de um superior hierárquico, responsável pelas instruções ao grupo. Simbolicamente, a chamada foi feita fora da sede da corporação. O comandante afirma que o ato não foi uma manifestação política, já que ninguém estava em nome de nenhum partido. Era uma manifestação em defesa da corporação, realizada de forma ordeira e sem qualquer comprometimento do horário de serviço.

UFJF

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se manifestou por meio de nota, já que as universidades públicas também foram alvo de ataques por parte de Roberto Jefferson.

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Roberto Jefferson


Em nota, a UFJF criticou as palavras de Roberto Jefferson, condenado pela ação penal 470 do STF por corrupção passiva, aliadas ao gesto de concordância do vereador, e apontou o material como estímulo ao preconceito, negacionismo e a disseminação de informações imprecisas ou falsas.
Informou também que as pessoas ingressam na universidade pública por concurso, passam por avaliação em toda a sua carreira, seus procedimentos administrativos são fiscalizados por órgãos de controle como o TCU e a CGU. Por fim, a instituição repudiou veementemente a atitude do vereador Sargento Mello Casal, que “deveria representar o povo de Juiz Fora com seriedade e sem faltar com o decoro inerente ao exercício do cargo. Quanto ao sr. Roberto Jefferson, que ele se entenda com a justiça”.

Nota do vereador Sargento Mello Casal

“Cada cidadão é responsável por suas afirmações. Na live realizada na última sexta-feira, nenhuma palavra foi proferida por mim que denegrisse a imagem da guarda municipal. Falávamos sobre as consequências de ações relacionadas ao Covid no Brasil quando o Presidente do PTB, Roberto Jefferson, fez suas declarações com relação à guarda. Afirmei na live que “ aqui em Juiz de Fora a Guarda e a PM eles estão tranquilos”. Peço desculpas por não ter feito uma defesa incisiva, ainda durante a live porque fui pego de surpresa com as declarações de Roberto Jefferson.
Minhas ações e conduta durante toda minha vida profissional na Polícia Militar e na vida pública enquanto vereador sempre foram da promoção da ordem e respeito às legislações, e em favor da valorização dos profissionais e entidades da segurança pública. E continuarei a fazê-lo.
Em relação à manifestação realizada na tarde de hoje em frente à Câmara Municipal, afirmo que toda manifestação é legítima, desde que cumpra a legislação vigente. E apoio a Guarda em sua defesa. Mas o próprio Estatuto da Guarda Municipal não permite a utilização de fardamento, equipamentos e veículos para quaisquer atos que não o efetivo cumprimento do seu dever. E tão pouco esta instituição ser usada como instrumento político para atingir este vereador. Desta feita, os fatos serão encaminhados às autoridade competentes.”
Sargento Mello Casal

Nota de Leandro Lisboa, comandante da Guarda Municipal

“A manifestação tratou-se do repúdio à live, realizada na última sexta-feira, na qual o ex-deputado Roberto Jefferson faz sérias ameaças à vida dos Guardas Municipais e seus familiares. No horário em questão, era feita a troca de turno, momento em que as equipes se encontram e se realiza, de forma habitual, a chamada pré-turno, sob a coordenação de um superior hierárquico, responsável pelas instruções ao grupo. Diante dos fatos e em resposta a eles, a chamada foi realizada, simbolicamente, fora da sede da corporação. Não sendo, portanto, uma manifestação política. Ninguém estava em nome de nenhum partido. Era uma manifestação em defesa da corporação, realizada de forma ordeira e sem qualquer comprometimento do horário de serviço.” Leandro Lisboa, comandante da Guarda Municipal

Nota da Câmara Municipal

O momento que vivemos não é simples e nem de fácil solução. Assim fosse, não estaríamos em lockdown ou aguardando recursos para a saúde de toda a humanidade ao longo de um penoso ano. Tudo o que não é necessário, neste momento, é a interferência negativa alheia à realidade, na busca por saídas e melhorias na saúde para a população.

Posto isso, a Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF) torna público seu repúdio às falas proferidas pelo presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB, Sr. Roberto Jefferson, em live realizada conjuntamente com o vereador desta Casa Legislativa, Sargento Mello Casal (PTB), na última sexta-feira, 26.

As soluções, ao contrário do que prega parcela da sociedade, surgem pelo setor público; hoje trabalhando em nossa cidade por meio de uma conjunção imprescindível entre Legislativo, Executivo e setores acadêmicos, tão bem representados pela indubitável Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por iniciativas científicas.

Cabe ainda reafirmar o posicionamento institucional desta Casa Legislativa em defesa dos servidores públicos. Tanto os que atuam na linha de frente – exercendo suas atividades presencialmente em razão da imprescindibilidade destas – quanto aqueles que atualmente laboram remotamente merecem respeito. Contemporaneamente temos presenciado tentativas de vilanização do funcionalismo público, razão pela qual não podemos nos furtar de manifestarmo-nos na salvaguarda desta categoria que, atuando no atendimento das demandas populacionais, se caracteriza como o alicerce da construção de uma sociedade.

Recebemos com perplexidade e indignação o estímulo à cultura do ódio, o fomento a práticas típicas de regimes totalitários e o ataque às instituições locais e ao funcionalismo público.

Ressaltamos o sério trabalho realizado pela Guarda Municipal de Juiz de Fora (GMJF), que sempre atuou com brilhantismo dentro de suas prerrogativas legais. Agora, durante o delicado período pandêmico, a GMJF permanece desenvolvendo uma importante função, ao lado dos Fiscais de Posturas, na linha de frente de ações de fiscalização do cumprimento das normas que visam a garantir a saúde de cidadãs e cidadãos. Ações essas fruto direto dos esforços não só do Executivo, mas também de cada cidadã e cidadão que se propõe a levantar a cada dia e seguir a jornada de batalhar pelo bem-estar coletivo neste momento de pandemia.

Por fim, registramos nossa veemente repulsa à maneira desrespeitosa utilizada para se referir à Chefe do Poder Executivo de Juiz de Fora, Prefeita Margarida Salomão. A Câmara Municipal de Juiz de Fora preza e luta pelo permanente respeito com o qual esta Casa Legislativa deve agir quanto ao Poder Executivo. Nossa missão deve ser a atuação norteada pelo dever da fiscalização dos atos e o estabelecimento de uma relação independente e harmônica, primando pelo atendimento do amplo interesse público.” Câmara Municipal de Juiz de Fora

Nota da Universidade Federal de Juiz Fora (UFJF)

Toda a sociedade brasileira passa por momentos trágicos. Estamos no pior momento da pandemia COVID-19, com necessidade urgente de cuidados, de distanciamento, de solidariedade e de defesa da ciência. A Universidade é a casa da ciência, e o brasão da Universidade Federal de Juiz Fora o expressa no que é sua convicção mais firme: “lumina spargere” – disseminar a luz. Não obstante tal objetivo, expresso na formação de gerações, sua atuação em pesquisa e sua associação com a comunidade de toda a região, a UFJF eventualmente é atacada, gratuita e levianamente, por alguns personagens que parecem odiar a universidade pública, seu papel de inclusão e atuação científica, caluniando, desrespeitando e frequentemente distorcendo o papel público de uma Universidade Federal.

Desde a sexta-feira, dia 26 de março, circula na rede mundial de computadores um vídeo, gravado a partir de uma “live” proposta e conduzida pelo sr. Vereador, Carlos Alberto de Mello, conhecido como Sargento Mello Casal. Em companhia do ex-deputado e condenado pela ação penal 470 do STF por corrupção passiva, o sr. Roberto Jefferson, foram manifestas opiniões claramente ofensivas e desrespeitosas, por palavras e gestos de concordância de uma à outra parte, com a clara intenção de estímulo ao preconceito, o peculiar negacionismo e a disseminação de informações imprecisas ou simplesmente falsas. Agrega-se a isto ameaças de violência física à Guarda Municipal, a defesa de formação de uma milícia e evidente incitação à violência, ao lado das ofensas gratuitas à Chefe do Executivo Municipal, ataques generalizados ao funcionalismo público e ao próprio Ministério Público. Não bastasse, como já é recorrente em segmentos autoritários e anti-ciência, foram realizados ataques às Universidades Públicas e, em particular, à UFJF. Para os cidadãos Sargento Mello e Jefferson, a UFJF seria responsável por uma “indústria de gay, de maconheiro, de cocaineiro, de comunista”, dita pelo segundo com risada do primeiro. Não suficiente, seria povoada por servidores “malandros” e alunos sob influência da “esquerda”. As manifestações do ex-deputado são aprovadas pelo vereador, o qual não o contesta sob nenhuma forma. E este devolve a gentileza com projetos como o de cortar salários do funcionalismo municipal se este estiver “em casa” ou ainda a formação oficial (como se tal fosse possível) de uma milícia.

Seria o caso, em primeiro lugar, de perguntar aos demais vereadores formados pela UFJF em qual dos estereótipos preconceituosos se enquadram, uma vez serem egressos da instituição. Em seguida, seria necessária uma pequena preleção aos dois cidadãos sobre como funciona uma Universidade Federal: as pessoas ingressam por concurso público, passam por avaliação em toda a sua carreira, seus procedimentos administrativos são todos transparentes e auditáveis, fiscalizados por órgãos de controle como o TCU e a CGU. A formação científica tem protocolos, regras e operações públicas, os professores gozam de liberdade de cátedra e realizam seu trabalho de acordo com a formação rigorosa que possuem (a UFJF tem mais de 90% de seus professores com doutorado). Somente uma mente distorcida e dominada por teorias conspiratórias pode imaginar que todo um sistema de conhecimento de tal magnitude, reconhecido internacionalmente e, na UFJF, com a tradição de 60 anos, esteja formando os estereótipos defendidos pelo Vereador e o presidente do PTB, partido criado por Getúlio Vargas e que, já há algum tempo, parece estar povoado por insanidades autoritárias e negando sua própria tradição.

A UFJF atua em todas as áreas de conhecimento, tem 45 cursos de pós-graduação, mais de 90 cursos de graduação; além do trabalho incansável do HU a qualquer tempo, nosso hospital tem se reinventado para responder às necessidades de saúde da população. Durante a pandemia, a UFJF já realizou mais de 22.000 exames de COVID, mais de 100 pesquisas estão sendo conduzidas no combate à doença, a universidade tem contribuído decisivamente com o processo de vacinação em Juiz de Fora e vem realizando ainda 100 ações de extensão no combate a pandemia. A instituição tem 3.000 servidores (professores e técnicos), emprega trabalhadores terceirizados em grande volume e contribui muito significativamente com a economia local, em comércio e serviços, movimentando próximo de 1 bilhão na economia local e regional. Não conhecemos um único município, por todo o país, que repudie a presença de uma universidade federal. Justamente porque sabem o quanto importa uma universidade na formação, na pesquisa, nas ações e na economia de toda uma cidade, fora sua presença como polo dinâmico de pesquisa e inovação. Agora teremos a inauguração, por um Vereador e um ex-deputado do Rio de Janeiro, da defesa do desmonte de uma Universidade Federal no município de Juiz de Fora?

Realizar manifestações caluniosas, agressivas ou imprecisas, não mantém qualquer relação com o exercício da liberdade de expressão. Esta é um elemento fundamental da democracia, serve à garantia da diversidade e do respeito à diferença. Mas também, em sua defesa, as instituições e os atores sociais não podem tolerar que triunfem aqueles que operam contra a própria democracia, propondo a violência ou o desrespeito à diversidade, inerente a toda sociedade complexa, porque isso seria a própria destruição da democracia.

Assim, a Universidade Federal de Juiz Fora REPUDIA veementemente a atitude do Vereador Sargento Mello Casal, que deveria representar o povo de Juiz Fora com seriedade e sem faltar com o decoro inerente ao exercício do cargo. Quanto ao sr. Roberto Jefferson, que ele se entenda com a justiça.” UFJF

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