O ex-lutador José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, morreu por causa de complicações da encefalopatia traumática crônica (ETC), doença comum entre atletas que praticam ou já praticaram algum tipo de luta.
Para Felipe Mendes, médico neurocirurgião membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, a ETC é uma doença neurodegenerativa progressiva, causada por traumas repetidos na cabeça.
“A doença é frequentemente associada a esportes de contato, como futebol americano, boxe e MMA. A condição costuma se manifestar anos ou até décadas após a exposição a esses traumas. A principal causa é a exposição repetida a impactos na cabeça, mesmo que de baixa intensidade. Ao longo do tempo, esses micros traumas resultam em alterações cerebrais degenerativas, com destaque para o acúmulo anormal da proteína tau no cérebro, envolvida na degeneração neuronal”, explica.
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Sintomas
“Os principais sinais e sintomas da encefalopatia traumática crônica incluem alterações cognitivas, como a dificuldade de memória, problemas de concentração e confusão mental; alterações de humor e comportamento, como irritabilidade, agressividade, depressão, ansiedade, impulsividade e até comportamento suicida. Pode haver também alterações motoras, como dificuldade de equilíbrio, tremores, movimentos lentos e falta de coordenação. Além disso, é comum que o paciente sofra de alterações no padrão do sono”, alerta o médico.
Diagnóstico
O neurocirurgião aponta que diagnóstico é baseado na história clínica do paciente para saber a frequência de traumas na cabeça, nos sintomas apresentados e na exclusão de outras doenças. Exames de imagem, como ressonância magnética e testes neuropsicológicos podem ser usados para apoiar o diagnóstico.
Tratamento
Segundo o médico, não existe cura para a doença, mas o tratamento é focado no controle dos sintomas, incluindo medicamentos para tratar sintomas psiquiátricos, como depressão e ansiedade, terapias cognitivas para lidar com dificuldades de memória e concentração, fisioterapia para tratar alterações motoras. Tudo isso integrado de uma equipe de apoio multidisciplinar, com acompanhamento por neurologistas, psiquiatras, geriatras e terapeutas.
Prevenção
“A prevenção é fundamental. Ela envolve a redução da exposição a traumas repetitivos, especialmente em esportes de contato e atividades profissionais de alto risco, além do uso adequado de equipamentos de proteção”, conclui o médico neurocirurgião membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Felipe Mendes.