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‘Bizarro’: Sociedade Brasileira de Diabetes critica retirada de jovem de prova de Enem após sensor de glicemia disparar

Reprodução/Freepik

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) criticou, por meio de nota nessa terça-feira (6), a retirada do adolescente com diabete eliminado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) após o sensor de glicemia disparar durante prova do último domingo (3).

O caso foi em Sobradinho, no Rio Grande do Sul, sendo compartilhado nas redes sociais do pai do jovem. Ao compartilhar uma matéria sobre o caso, o estudante de 17 anos se manifestou: “Obrigado a todos que deram força a esta causa. Não é só por mim, é por outros diabéticos, que assim como eu passaram ou poderiam passar pelo mesmo”

A nota classificou o episódio como “bizarro” e ainda lamentou que o fato ocorreu no Novembro Diabetes Azul, período em que o órgão tenta a conscientização. “Nos parece, no mínimo, uma falta de sensibilidade, para não falar de total desconhecimento, o que aconteceu com esse jovem em Sobradinho, no Rio Grande do Sul”, diz o presidente da SBD, Ruy Lyra.

A SBD disse que mantém conversações com o MEC a fim de existir a possibilidade de as pessoas com diabetes, que necessitam de insulinoterapia, a entrarem nas salas de aula com seus celulares. “Eles são importantes porque fornecem informações sobre a glicemia e alertam quando há necessidade de intervenção.”

O órgão lembrou que apoia as ações para que crianças e jovens não usem celular nas salas de aula, mas, em algumas situações particulares, dentre elas as pessoas com diabetes que necessitam de insulina para manter a glicemia controlada, é fundamental que elas fiquem com seus celulares o tempo todo.

“Em nome da Sociedade Brasileira de Diabetes, nós repudiamos veementemente o tipo de postura verificada no Rio Grande do Sul, ceifando do jovem a possibilidade de terminar sua prova do Enem e atingir seus objetivos. Nós apoiamos esse jovem com diabetes, nos coadunamos com seu sentimento e repudiamos toda e qualquer medida parecida com a que ele se deparou no último domingo.”

O que diz o Inep

Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informa que permitiu o “uso de dispositivo eletrônico de aferição de glicose para os participantes do Enem 2024 que informaram ter diabetes no ato da inscrição”. “Nesses casos, o dispositivo eletrônico ficou dentro do envelope porta-objetos para uso pelo participante nos momentos necessários”, diz o texto.

O instituto destacou ainda que os participantes que se sentiram prejudicados por conta de algum erro de aplicação “podem solicitar a reaplicação do exame e terão o direito de fazer as provas em 10 e 11 de dezembro”.

Segundo o edital, é proibido o uso de aparelhos eletrônicos no momento do exame. “Se o aparelho eletrônico, ainda que dentro do envelope porta-objetos, emitir qualquer tipo de som, como toque ou alarme, o participante será eliminado do Exame”, informa o documento.

Ainda de acordo com o edital, o candidato que usa algum tipo de dispositivo eletrônico essencial para a saúde deve informar a situação durante a inscrição da prova e pedir pelo atendimento especializado. Porém, a diabetes não é listada entre as doenças elegíveis.

Diabetes tipo 1

Na postagem feita na rede social, o pai explicou que o filho tem diabetes tipo 1, quando há pouca ou nenhuma produção de insulina no corpo, e que precisa monitorar o nível de açúcar no sangue para saber quando tomar o medicamento. O adolescente usa no braço um tipo de sensor de glicemia, que é conectado ao celular, e apita quando os níveis estão fora do normal.

Segundo o pai, o jovem chegou a informar a condição de saúde na hora de se inscrever para o Enem, mas foi avisado que a diabetes tipo 1 não estava inclusa na lista de doenças que requerem um atendimento especial. Assim, o jovem fez a prova na mesma sala que os demais estudantes.

Ainda conforme o pai, o celular do adolescente estava sob a posse do fiscal na hora da prova, quando o alarme do sensor disparou uma vez. A situação já foi suficiente para que o estudante fosse eliminado e retirado da sala por “perturbar os demais alunos”. O adolescente ainda precisou assinar uma ata e foi obrigado a deixar a escola onde fazia a prova.

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